domingo, 30 de novembro de 2014

O TITANIC E A INCOMPETÊNCIA DO SEU COMANDANTE


O GBOEX está entregue a um grupo de oficiais do Exército que não sabem o que fazer com a crise que geraram em uma entidade que foi construída para garantir o futuro de milhares de pessoas, através de um pecúlio. Depois de anos de desgoverno, o piloto automático pifou e eles não sabem o que fazer.

Os absurdos que estão acontecendo são inacreditáveis. E isso que estou baseado somente nos dados publicados e em informações que vazam pelos poros deste moribundo GBOEX. De um lado um grupo pautado pela arrogância e pela ignorância e de outro um grupo de espertos e calejados empresários ávidos para fazerem um bom negócio.

Uma seguradora centenária, estruturada na plataforma GBOEX (seu maior ativo), com uns 200 mil associados espalhados pelo Brasil e com canais de consignação com a maioria dos órgãos públicos. Só a carteira de seguros de acidentes pessoais (APC) dá um resultado mensal líquido da ordem de R$ 2 milhões e deve ter um valor de mercado da ordem dos seus R$ 50 milhões ou mais. O seguro obrigatório de automóvel, o DPVAT, rende outros R$ 2 milhões mensais, líquidos! Juntos devem dar uma bela receita líquida anual de uns R$ 24 milhões o que, na mão de gente competente, pode ser a base de um bom faturamento, mas na de gente incompetente, o resultado é próximo ao de um macaco em loja de louças o que vem acontecendo neste seguradora.

Basta dar uma olhada no último Balanço Patrimonial (BP/junho2014) para ver o que este grupo de empresários, que assumiu a Confiança, pretende: “A Companhia, por decisão do acionista majoritário, alterou a composição diretiva e se prepara para uma mudança expressiva em sua trajetória. A primeira ação da diretoria empossada foi criar uma nova cultura dentro da própria Cia, e isto incluiu realinhamento da força de trabalho, reduzindo assim todo e qualquer excesso. A Cia planeja ter menos camadas de gerenciamento, tanto de cima para baixo quanto para os lados, o que permitirá acelerar os fluxos nas informações e tomada de decisões”. Por “por decisão do acionista majoritário” entenda-se “por decisão dos novos proprietários”. Em suma: CHEGA DE AMADORISMO.

Estes empresários pretendem fazer o que deveria ter sido feito em 2008/9 quando o mercado segurador foi forçado a se ajustar às novas exigências impostas pela Susep para aumentar a credibilidade do setor, abalado com a crise do sub prime americano. Conselheiros amadores e inconsequentes tomaram a decisão que acabou enterrando a Confiança: ajustaram o capital da seguradora ao seu perfil (área de atuação e portfólio), em vez de proceder ao contrário.

Resultado: aceitaram vender a Confiança por um preço que os empresários sabem valer umas oito, dez vezes mais.

E o pior é que já se vai para oito meses (tudo começou em março/2014 com a aceitação da proposta de compra do controle acionário (100%) e a passagem de comando para Marcelo Cabelleira) com a seguradora comandada pelo novo grupo, mas com o GBOEX responsável perante Susep porque ainda não foi equacionado o problema de solvência. Onde está o reforço de caixa previsto no BP de junho/2014, “um incremento de R$ 77.928 milhões de reais de dinheiro novo”?

Tudo porque neste vai-e-vem de contratos assinados, todos “em caráter irrevogável e irretratável”, nada foi cumprido, o que permite que se desconfie de que, como se comenta, “falta capacidade econômica para cumprir o contratado”. Desconfianças, inclusive, do órgão controlador, de que tudo não passou de simulações para atender condições legais.

E os conselheiros estão por fora de tudo isso, já não estão nem aí, o que interessa é que no fim do mês estão com o deles no bolso, mesmo que seja ao arrepio da lei como tem sido em vários exercícios e que, agora, o Diretor Fiscal, deverá avaliar e se pronunciar com base em petição feita (Representação contra os Conselheiros, 7/11/2014). E em todos esses meses de boatos que envolveram a venda da seguradora e o naufrágio do grupo, sinalizado pela insolvência e pela intervenção da Susep (Direção Fiscal), não mereceu uma nota sequer de esclarecimento do Conselho Deliberativo, para esclarecer o mercado e tranquilizar os associados.

A verdade é que a seguradora está imobilizada, pois sem o capital que os novos donos deveriam aportar para acabar com a insolvência, impossível o reinício das operações. E se a Susep fizer o que a lei manda, aplica logo na Confiança a liquidação extrajudicial que vai levar junto o patrimônio que foi formado para garantir o pagamento dos pecúlios daqueles que passaram mais de meio século pagando.

Diante de tudo isso, pergunto: por que, os coronéis que comandam o GBOEX, não reconhecem a sua incapacidade e não convocam uma assembleia geral para expor a gravidade da situação e se submetem ao que for decidido? Será que não existe alternativa de mercado que permita salvar o patrimônio do GBOEX? Ficarão impassíveis esperando uma liquidação extrajudicial? Seria uma atitude digna. Caso contrário vão se transformar em mortos-vivos, dignos do desprezo dos seus companheiros como já disse um velho general ao pedir seu afastamento do GBOEX.


Convém lembrar o que a arrogância deste grupo de oficiais do Exército registrou no editorial do Informativo do GBOEX (ano 1998/2), ao anunciar uma revolução cultural que o então presidente executivo, Cel. Omar Lima Dias, vinha acalentando, desde seus tempos de Conselho Deliberativo, para implementar um programa de Qualidade, o que nunca conseguiu enquanto Iese Rego comandava o GBOEX (leia Resposta ao GBOEX (2), 6/5/2013): “Ao contrário do Titanic, que só afundou por incompetência de seu comandante, o GBOEX continuará navegando rumo ao futuro, singrando os mares conturbados da atual economia globalizada, com a sua proa visionária bem orientada e com a mesma firmeza e soberania que sempre o nortearam durante estes oitenta e cinco anos de existência”. Parece que o ato falho do editorial de 1998 está se concretizando, pelo naufrágio que se avizinha e pela incompetência de seus comandantes.

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