sábado, 1 de junho de 2013

A eleição dos alienados

No sábado que antecedeu o Centenário (24/5), o GBOEX realizou a eleição para renovação do Conselho Deliberativo. Duas semanas se passaram e nada de noticias sobre o que lá aconteceu, sobre o número de associados que participou e sobre os eleitos para representar os mais de 150 mil associados distribuídos pelo Brasil, pelos próximos seis anos.
O silêncio do GBOEX, no antes e no depois da eleição, indica que o grupo de oficiais do Exército que comanda a entidade, desde 1981, não tem o menor interesse em que os associados participem das decisões. E o resultado foi uma eleição com chapa única em que devem ter participado uns duzentos e poucos associados, trazidos, a imensa maioria, em ônibus pagos.
E por que digo “a eleição dos alienados”? Porque até é possível que exista associado que desconheça que o GBOEX já se desfez da metade dos imóveis garantidores do pagamento dos pecúlios, que vem atrasando o pagamento dos pecúlios, que causou a transferência de quase R$ 68 milhões do bolso de seus velhos associados para o de espertos corretores que os assediaram com cadastro fornecido pelo GBOEX (O custo MLD), que o grupo de oficiais do Exército que o dirige, com salários que andam na faixa dos R$ 15 mil a R$ 30 mil, pratica uma “má gerência administrativa”, no entender do Ministério Público Federal que, inclusive, sugeriu a intervenção da SUSEP para defender os interesses dos associados.
O que não é possível é desconhecer que o seu contracheque mostra que o desconto para o GBOEX está sendo reajustado de forma absurda o que tem levado milhares de associados a pedir exclusão. Quem, diante de tudo isso, ainda foi lá votar na continuidade deste estado de coisas, só pode ser taxado de alienado, pois está distanciado da realidade.
Poderia o leitor perguntar a razão de eu não ter participado desta eleição. Até cogitei, mas cheguei à conclusão que eu iria colocar companheiros em uma fria e que, depois, eu seria cobrado, diante do meu grau de informação sobre a real situação do GBOEX.
Teríamos chance de vencer esta máquina viciada que vem ganhando eleições há mais de trinta anos, com urnas somente em Porto Alegre e que traz os votos de cabresto necessários para ganhar? Sim, teríamos. Bastava uma demanda judicial para garantir o voto desta massa de idosos espalhada pelo Brasil, através da distribuição de urnas pelas filiais (unidades de negócios), a exemplo do que acontece em entidades do mesmo perfil. Esta providência neutralizaria a única arma deste grupo e que o mantém no poder sem oposição: o transporte gratuito de eleitores, de votos de cabresto.
Vencendo, a primeira providência seria reduzir as despesas administrativas para uns 5% da receita operacional (esse pessoal chegou a gastar 40%) o que implicaria em:
1. Acabar com a farsa do Conselho Deliberativo, com conselheiros cumprindo expediente como se estivessem no quartel (“Seu jeito de atuar manteve-o, diariamente, desde as 7 h da manhã, no GBOEX, onde além de reuniões constantes instituiu o hábito de circular por todos os ambientes da empresa, cumprimentando e estimulando todos os funcionários”, Informativo GBOEX, 1/2005), com reuniões e comissões que, a rigor, demonstraram-se infrutíferas diante dos resultados. Desafio que me apontem a existência, em ata do Conselho, uma crítica ou um alerta que seja sobre a situação da entidade. Os compromissos estatutários permitem o retorno ao velho GBOEX: reuniam-se anualmente para aprovar o relatório e extraordinariamente, sempre que a situação assim o exigisse. Não tinham salário, nem escritórios e nem assessores e secretárias, mas construíram o patrimônio que agora está sendo dilapidado (Os coveiros do GBOEX).
2. Acabar com as unidades de negócios, improdutivas e desnecessárias diante dos modernos recursos de gestão.
3. Enxugar a estrutura administrativa, a começar pela diretoria executiva.
A segunda providência seria uma auditoria para apurar responsabilidades pelas perdas patrimoniais causadas pela “má gerência administrativa”, apontada pelo MPF.
A terceira seria tratar da Confiança Cia. de Seguros, um dos sumidouros do patrimônio do GBOEX, uma seguradora comandada por coronéis em um mercado altamente competitivo e pautado pelo profissionalismo.
“Muita sarna para me coçar!”. Seria injusto eu comprometer companheiros em tal empreitada. Esta a razão de eu não ter disputado a eleição.

O GBOEX poderia exercer a tão alardeada (e nunca exercitada) transparência publicando algo útil no seu portal: a ata da assembleia geral da eleição, onde se possa saber o número de eleitores e suas origens.