sábado, 23 de abril de 2011

Carta Aberta aos Conselheiros do GBOEX

O jornal Zero Hora (20/04/2011, pág. 44) publica a ata da reunião do Conselho Deliberativo (CD), com a presença de diretores do GBOEX e da CONFIANÇA, para “Apresentação do Balanço Anual, Patrimonial e de Resultados, exercício 2010”.

Apresentados os números, lidos os pareceres dos auditores e da Comissão de Economia e Finanças, foram estes aprovados por unanimidade os balanços do GBOEX e da CONFIANÇA!

Isto significa que os senhores conselheiros aprovam a gestão do Patrimônio do GBOEX do qual são eles os guardiões. Aprovam as perdas patrimoniais que, apesar dos alertas que vêem sendo feitos desde 1998, estão consumindo com o Patrimônio que se destina a “assegurar a vida da Entidade, a finalidade e os objetivos previstos neste Estatuto”.

Unanimidade, aliás, que vem de longe, visto que não se tem notícias e nem registros de uma voz discordante no CD com uma gestão que fez o Patrimônio Líquido (PL) despencar do patamar dos R$ 250 milhões para o dos R$ 90 milhões, nos últimos cinco anos.

Pois vou apontar duas causas para estas perdas patrimoniais e que poderão caracterizar confusão patrimonial e “descumprimento de leis, normas e instruções referentes às operações previstas na Lei que dispõe sobre as Entidades de Previdência Privada”, nos termos do Estatuto (§ único, Art. 33).

Para que meditem, para que depois não venham alegar desconhecimento visto que são responsáveis pelas ações e pelas omissões que lesarem o patrimônio formado para garantir o pagamento do pecúlio de milhares de associados.

O sumidouro do patrimônio do GBOEX tem dois ramos bem nítidos: o déficit não corrigido do Plano de Pecúlios Taxa Média e os problemas de solvência da CONFIANÇA.

Aliás, isto faz parte da representação feita ao Ministério Público Federal (Inquérito Civil Público ICP 20/2010-97) contra GBOEX, Conselheiros e a SUSEP e de recente e-mail dirigido ao Superintendente e demais diretores da SUSEP.








DÉFICIT DO PLANO DE PECÚLIOS TAXA MÉDIA

1. O GBOEX vem acumulando déficit operacional, desde 1997, provocado pela não aplicação do reajuste técnico no Plano de Pecúlios Taxa Média, conforme manda a lei e o Estatuto. A tabela mostra o resultado operacional e o déficit acumulado, até o ano de 2020. Dados da SUSEP e do planejamento do GBOEX. As perdas acumuladas (2010) já atingiram R$ 405 milhões.


2. Tanto o Estatuto como a Lei Complementar 109/2001 mandam aplicar reajuste técnico para preservar a “liquidez, a solvência e o equilíbrio econômico-financeiro e atuarial dos planos de benefícios, isoladamente”. Ou seja, não existe a possibilidade de compensar este déficit com o superávit dos demais planos ou com resultado financeiro.

3. Alertas não faltaram para as perdas patrimoniais que se acumulam. Uma constante nas avaliações atuariais, no mínimo desde o ano de 2002: “Esta medida (constituição da Provisão de Insuficiência de Contribuição) é paliativa, tendo em vista que mensalmente, parte do Patrimônio do GBOEX, está sendo utilizado para cobrir este déficit”.



4. E, apesar disso, o GBOEX insiste em não corrigir o déficit que corrói o seu patrimônio. Saliente-se: com o aval do seu Conselho Deliberativo. Na atualização do Planejamento Estratégico, apresentada em junho de 2006, o GBOEX não deixa dúvida: “a Diretoria Executiva do GBOEX, referendada pelo Conselho Deliberativo do Grupo, decidiu pela não aplicação do reajuste técnico previsto anteriormente” e “O superávit dos Planos Faixa Etária e Empresarial e o resultado financeiro ainda permite que seja evitado o reajuste técnico no Plano Faixa Média, apesar do descompasso atuarial verificado”.



5.Ou seja, o GBOEX DECIDIU descumprir a lei, expondo seus conselheiros ao rigor do Art. 33 do Estatuto: Os conselheiros respondem solidariamente pelos prejuízos causados aos seus associados, em conseqüência do descumprimento da lei. E o prejuízo já passou dos R$ 400 milhões, conforme já mostrado. Prejuízo causado aos seus associados, pois o patrimônio destina-se a garantir o pagamento dos pecúlios.


PROBLEMAS DE SOLVÊNCIA DA CONFIANÇA
6. Além deste monstruoso déficit, o patrimônio do GBOEX ainda tem que suportar os problemas de solvência da CONFIANÇA, que se tornam nítidos nos gráficos que mostram a evolução de Patrimônio Líquido (PL) e de Passivo Não Operacional (PNO).



7. A legislação é clara (LC 109/2001, art. 37 III e Res. CNSP 177/2007): “patrimônio líquido não poderá ser inferior ao respectivo passivo não operacional” e, caso ocorra, deverá ser elaborado plano de recuperação com prazos e metas, supervisionados pela SUSEP, sendo, inclusive, considerado infração sujeita a sanção administrativa (Res. CNSP 60/2001).


8. No gráfico da CONFIANÇA: a primeira ocorrência, em que o PL passa a ser menor do que o PNO foi de set/2006 a jul/2007,teve uma duração de onze meses e custou a metade dos “imóveis destinados a renda”. Nesta ocasião o GBOEX, em uma operação que chega às raias de um desfalque patrimonial, repassou a metade dos seus imóveis, cerca de R$ 20 milhões.



9.Antes de incorporar ao seu patrimônio, a CONFIANÇA reavaliou este ativo e o incorporou por R$ 44 milhões.


10. E esta operação foi realizada com o aval do CD, como a melhor alternativa, surgida depois de “muito estudo, simulação de cenários e de planejamento detalhado”, como informou o presidente do GBOEX em carta ao signatário (16/04/2009).


11.A segunda ocorrência de PL menor do que PNO, demonstrando a ineficácia do plano de recuperação(?), aflorou em out/2009 e perdura, pelo menos, há dezessete meses, já que os últimos dados disponíveis são de fev/2011.


12.Teme-se que o restante dos imóveis do GBOEX seja desviado para compensar este novo problema de solvência.


13. O patrimônio do GBOEX destina-se a assegurar os encargos futuros com o pagamento dos pecúlios dos milhares de associados da Entidade (Art. 75 do Estatuto); só pode ser aplicado em percentuais adequados e dentro de critérios de rentabilidade, segurança e liquidez, observadas a diversificação e as condições de mercado dentro da conjuntura econômica do País (Art. 80).

14. Conforme se vê no gráfico do GBOEX, em cinco anos o Patrimônio Líquido (PL) do GBOEX despencou do patamar dos R$ 250 milhões para o dos R$ 90 milhões e se aproxima, perigosamente, do PNO.





15. O mesmo acontece com o Grupo GBOEX, composição do GBOEX com a CONFIANÇA. O gráfico mostra uma aproximação das duas curvas com a tendência de que PNO ultrapasse PL, no curto prazo.


16. Repetindo, a legislação é clara: “patrimônio líquido não poderá ser inferior ao respectivo passivo não operacional”.

17. Pergunta-se: quem vai socorrer o GBOEX, se o seu patrimônio já terá sido comprometido com os problemas de solvência da CONFIANÇA?

18. E o pagamento dos pecúlios? Basta acessar o site ReclameAqui (http://www.reclameaqui.com/) para se ter uma idéia da quantidade de reclamações e da indignação dos beneficiários que justificam o comentário de um técnico: “Estão represando a liquidação de sinistros de uma forma intensa”.

Estes os registros que faço, na forma de carta aberta, em contraponto à unanimidade do CD, para que este alerta seja de conhecimento de outros associados, para que sirvam, no futuro, como testemunhas de que, pelo menos um sócio, está alertando os conselheiros do GBOEX de que “leis, normas e instruções” estão sendo descumpridas e causando prejuízos aos associados do GBOEX.
Porto Alegre, 21 de abril de 2011
Péricles da Cunha

domingo, 17 de abril de 2011

Os sumidouros do Patrimônio do GBOEX



O Patrimônio do GBOEX tem dois sumidouros: o Plano de Pecúlios Taxa Média e a Confiança Cia. de Seguros. Esta constatação pode ser comprovada pelos gráficos que mostram a evolução de Patrimônio Líquido (PL) e Passivo Não Operacional (PNO) para os três casos: CONFIANÇA, GBOEX e Grupo GBOEX, a conjugação do GBOEX com a sua controlada CONFIANÇA.



A legislação é clara (Lei Complementar 109/2001, art. 37, III e Resolução CNSP 177/2007): "O Patrimônio Líquido não poderá ser inferior ao respectivo Passivo Não Operacional" e, caso ocorra, deverá ser elaborado Plano de Recuperação com prazos e metas, supervisionados pela SUSEP, sendo, inclusive, considerado infração sujeita a sanção administrativa o seu descumprimento (Res. CNPS 60/2001).



Nota-se no gráfico da CONFIANÇA (abaixo) a ocorrência de tal irregularidade em duas ocasiões. A primeira no período de Setembro/2006 a Julho/2007. O impacto visivel desta ocorrência foi o repasse da metade dos imóveis "destinados a renda" do GBOEX para a CONFIANÇA. R$ 20 milhões foram retirados do patrimônio destinado a garantir o pagamento dos pecúlios, reavaliados e incorporados ao patrimônio da seguradora pelo dobro! Uma operação que chega às raias de um desfalque patrimonial.



Mostrando que a metade do patrimônio de imóveis (destinados a renda) do GBOEX não fora suficiente para corrigir problemas estruturais da CONFIANÇA, novamente o PNO ultrapassou o PL, em Out/2009, assim continuando até os últimos dados disponíveis. Teme-se que o restante dos imóveis do GBOEX seja desviado para compensar esta novo problema de solvência o que causaria ainda mais preocupação para os associados do GBOEX, diante das continuadas queixas de beneficiários sobre a dificuldade para receber o pecúlio. Esta preocupação se concretiza diante de uma constatação de um técnico: "Estão represando a liquidação de sinistros de uma forma intensa". Basta acessar o site Reclame Aqui (http://www.reclameaqui.com.br/1195117/gboex/) para se ter uma ideia da quantidade de reclamações sobre atrasos no pagamento de pecúlios.




O gráfico de evolução PL e PNO, para o caso GBOEX, mostra uma acentuada convergência, provocada pela queda do Patrimônio Líquido, do patamar dos R$ 254 milhões (mar/2006) para pouco menos de R$ 92 milhões, em fev/2011.




Pergunta-se: quem vai socorrer o GBOEX, se o seu patrimônio já terá sido comprometido com os problemas de solvência da CONFIANÇA? Como ficará o pagamento dos pecúlios que já vem sofrendo considerável atraso?

No terceiro gráfico, o Grupo GBOEX como a composição do GBOEX com a sua seguradora CONFIANÇA. Verifica-se uma aproximação das duas curvas coma tendência de que o PNO ultrapasse o PL, no curto prazo.


Para agravar mais, existe o outro sumidouro, o déficit do Plano de Pecúlios Taxa Média que responde por 3/4 da receita operacional do GBOEX e que já provocou perdas patrimoniais da ordem de R$ 400 milhões, conforme se pode constatar, a partir de dados gerados pela SUSEP e pelo próprio GBOEX. Neste ano de 2011 o déficit acumulado atingirá o patamar dos R$ 450 milhões! Trata-se de perdas patrimoniais, segundo o atuário do GBOEX que anualmente faz este alerta em sua Avaliação Atuarial.


E o que mais assusta é que estas perdas estão previstas no Planejamento Estratégico do GBOEX e vem sendo confirmadas anualmente pela SUSEP. Importante: somente ocorrem porque não foram aplicados reajustes técnicos (corrige a contribuição e mantém o valor do pecúlio), conforme manda a lei.


Diante do exposto são mais do que fundadas as preocupações, principalmente por não se sentir a intervenção do órgão controlador (SUSEP) para fazer cumprir a lei e estancar a sangria que vem ocorrendo no patrimônio, formado para garantir o pagamento dos pecúlios, mas que está sendo empregado para compensar os efeitos de uma inadequada gestão do patrimônio.


Estas preocupações foram levadas à SUSEP, através de e-mail para que fique registrado o alerta de um associado sobre ações e omissões que estão acabando com o patrimônio de uma entidade quase centenária e que poderão causar problemas não só para os seus mais de 150 mil associados que passaram uma vida descontando uma parcela do salário para garantir o futuro dos seus beneficiários, mas, também, para o Exército e para os militares em geral, diante da relação direta que existe com este GRÊMIO BENEFICENTE DOS OFICIAIS DO EXÉRCITO, GBOEX.