sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
O FRACASSO PRODUZIDO PELA ARROGÂNCIA E PELA IGNORÂNCIA
Finalmente
este grupo de oficiais do Exército que comandam o GBOEX, desde os anos 80, conseguiu
quebrar as pernas do GBOEX. Ao decretar a liquidação extrajudicial da
Confiança, a Susep inicia uma operação que vai terminar no GBOEX (qualquer
dúvida: art. 51 da Lei 6024/1974), diante da confusão patrimonial existente e
que beira a um desfalque patrimonial. Os imóveis que foram adquiridos para
garantir o pagamento dos pecúlios foram literalmente jogados na fogueira da
insolvência da seguradora.
Só
para se ter uma ideia do que vai ser perdido, relaciono os imóveis do GBOEX que
foram passados para a Confiança e que já considero perdidos. Quase R$ 96
milhões a preços atuais. A maior parte deles comprometidos com empréstimos
feitos.
Durante
dezoito anos alertei, denunciei. Foram avisados Foram arrogantes. Agora
esgotarei todos os recursos que a lei me proporcionar para que os responsáveis
sejam levados à justiça. Documentos não faltarão nos processos existentes na
Susep, MPF e Justiça RS, além de minuciosamente detalhado no blog Sócios do GBOEX, para
provar que os conselheiros são os responsáveis diretos pelo desastre, por ação
ou omissão, nunca por desconhecimento. Sugiro que aproveitem a pausa de fim de ano para estudar a legislação
envolvida, em especial, a Lei 6024/1974. Sobre indisponibilidade de bens, responsabilidade
solidária e os artigos 32, 36 e 51.
O art.
32 reza que “Apurados, no curso da liquidação, seguros elementos de prova,
mesmo indiciária, da prática de contravenções penais ou crimes por qualquer dos
antigos administradores e membros do Conselho Fiscal, o liquidante os
encaminhará ao órgão do Ministério Público para que promova a ação penal”.
O Art.
36 prevê que os administradores
ficarão com todos os seus bens indisponíveis, não podendo, por qualquer forma,
direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até apuração e liquidação final de
suas responsabilidades. E, importante no caso, indisponibilidade prevista neste
artigo poderá ser estendida aos bens de gerentes, conselheiros fiscais e aos de todos aqueles que, até o limite da
responsabilidade estimada de cada um, tenham concorrido, nos últimos doze
meses, para a decretação da liquidação extrajudicial.
O art. 51
permite que, visando preservar os interesses da poupança popular e a integridade
do acervo das entidades submetidas a intervenção ou a liquidação extrajudicial,
poderá ser estabelecido idêntico regime (liquidação extrajudicial) para as
pessoas jurídicas que com elas tenham integração de atividade ou vínculo de
interesse, ficando os seus administradores sujeitos aos preceitos desta Lei. E
isso se torna possível porque o GBOEX é o dono da Confiança (mais de 99%) e o
seu CD é quem delibera sobre tudo. Fica evidente esta relação quando se lê os
últimos contratos sobre a frustrada transação do seu controle acionário. Vai ser muito fácil de provar que o patrimônio
que foi formado para garantir o pagamento dos pecúlios foi dilapidado
O que
impressiona é que foram alertados. Nenhum poderá alegar desconhecimento.
Justamente quando este relatório da Comissão Nacional da Verdade tenta difamar
os militares e que precisaríamos de que todos cerrassem fileiras para enfrentar
este revanchismo, a derrocada do Grupo GBOEX, vai agir como um fogo amigo a dar
razão para aqueles que querem nos atacar.
Aguentem, pois, as consequências do calote em milhares de civis e militares que confiaram nos
militares. O desprezo, como o deste velho general (porque é o que está na boca de milhares outros), por estes e os demais ex-conselheiros que já estão listados nos processos e inquéritos gerados: "São 54 anos de pagamento de pecúlio. Sei que não vou durar muito, mas minha revolta com
os senhores é tamanha que prefiro me desvincular de pessoas como vocês. Sei que é isso que querem de nós associados, mas, prefiro perder
muito mais em relação ao que iria receber, do que submeter a essa chantagem
vergonhosa, principalmente, partindo de oficiais que eu ajudei a formar".
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
RETROSPECTIVA DE UM DESASTRE ANUNCIADO
Fim de ano, época de retrospectivas,
oportuno que se registre (mais uma vez) os prejuízos que a SUSEP poderia ter
evitado, tivesse cumprido com a sua missão, prevista no inciso VI, art. 3º, da LC
109/2001: “proteger os interesses dos participantes e assistidos dos
planos de benefícios“.
Em março/2003 – Depois de seis anos tentando
convencer os coronéis que comandam o GBOEX de que era necessário mudar para
reverter as perdas patrimoniais, protocolei um pedido para que a SUSEP fizesse
uma intervenção no GBOEX para resguardar os direitos dos associados diante das
perdas patrimoniais provocadas pelo descumprimento da legislação quanto à
aplicação do reajuste técnico em plano de pecúlio que responde por quase 80% da
sua receita operacional e que apresenta um déficit atuarial que corrói o
patrimônio da Entidade, conforme reconhecem a SUSEP e o próprio GBOEX, através
do seu atuário.
Em
julho/2003 - Do Relatório de Fiscalização SUSEP/DEFIS/GRFRS no
019/2003: “No caso presente, o
desequilíbrio atuarial da carteira de pecúlio configuraria circunstância
isolada que permitiria à SUSEP a aplicação da medida (a intervenção). Entretanto, há que se considerar a existência
de plano de recuperação, com execução em curso desde o ano de 1998, cujos
efeitos, apesar de já se fazerem sentir, são previstos para longo prazo. Diante
do exposto, submete-se o presente relatório à consideração do Sr. Coordenador
da Gerência Regional de Fiscalização no Rio Grande do Sul (GRFRS), propondo que
os autos também sejam remetidos ao Departamento de Controle Econômico (DECON),
para apreciação da viabilidade do planejamento estratégico apresentado pela
entidade”.
A partir daí começou aquele procedimento que os
peritos do MPF acabam de constatar (Parecer Técnico ASSESP PR/RS n. 038/2014, maio/2014):
“pareceres juntados por diferentes departamentos
da SUSEP, contexto de absoluta compartimentalização em que cada unidade
restringe-se ao seu campo de atuação, no âmbito de suas estritas atribuições
especificado em Regimento Interno da autarquia. Com isso, contudo, não foi
promovida análise sistêmica da conjuntura global das operações da supervisionada,
requisito obrigatório para agir preventivamente e minimizar riscos de
solvência, pois além do desequilíbrio atuarial do produto Taxa Média, outros
fatores concorreram para a redução patrimonial do Grupo GBOEX”.
Vários pareceres foram emitidos, todos confirmando a inviabilidade
do planejamento estratégico para os próximos 20 anos, elaborado na véspera
da conclusão dos trabalhos da equipe de fiscalização, que, desde o início,
apontei a sua inviabilidade: “O Planejamento Estratégico do GBOEX é
inconsistente porque está baseado em estimativas que atropelam a lei e a
realidade do mercado”, afirmação que está na primeira página da contestação
feita em janeiro/2004 e que SUMIU do processo SUSEP no
15414.200170/2003-59, inexplicavelmente. Nestes pareceres o reconhecimento do
déficit atuarial que me levou a solicitar a intervenção da SUSEP. Transcrevo alguns destes pareceres:
Dezembro/2003
- O DECON, praticamente, reconhece a inviabilidade do
tal plano estratégico: “Vale ressaltar que, se a sociedade não atingir as metas
por ela apresentadas nesse planejamento, sua
situação econômico-financeira poderá ser seriamente comprometida num curto
período de tempo, tendo em vista que, mesmo com as projeções otimistas
acima citadas, a mesma somente prevê para si um lucro líquido (e não um
prejuízo) ao final do ano de 2009, ou seja, daqui a 6 anos, o que nos parece
muito tempo para uma perfeita adequação de sua situação econômico-financeira” (in,
Parecer SUSEP/DECON/GEACO/No 367/2003, de 18/12/2003).
Da manifestação do Coordenador da Gerência
Regional da SUSEP (GRFRS) acerca do Relatório de Fiscalização: “O resultado operacional da entidade nos
últimos 06 (seis) anos, tem sido negativo”.
Do
Planejamento Estratégico do GBOEX sobre o plano de pecúlios que responde por
79% da sua receita operacional: “Os
Planos Taxa Média têm demonstrado significativo resultado negativo. Para
corrigi-los seria necessário um Reajuste Técnico da ordem de 70% para torná-los
equilibrados”.
Do
Relatório de Fiscalização da SUSEP/DEFIS/GRFRS No 019/2003: “A receita mensal arrecadada de R$
4.763.246,49 situa-se em patamar inferior à necessária de R$ 8.252.985,03, produzindo déficit de R$ 3.489.738,54” .
Do
Parecer do atuário do GBOEX (Avaliação Atuarial – 2002, 2003 e 2004): “Esta
medida (constituição da Provisão de Insuficiência de Contribuição) é paliativa,
tendo em vista que mensalmente, parte do
Patrimônio do GBOEX, está sendo utilizado para cobrir este déficit”.
“Entretanto,
considerando o desequilíbrio operacional relatado no item 1 e as incertezas
levantadas no item 2, tanto o Patrimônio
Líquido como a liquidez apresentada pelo GBOEX podem se deteriorar rapidamente”.(in,
parecer SUSEP/DECON/GEACO/DIMES/No 849/2005)
“Outra
medida que, entendemos, faz-se
necessária é a suspensão imediata
da comercialização do plano de pecúlio por taxa média, objeto do
Processo SUSEP no 001.10931/79, uma vez que a inscrição de novos
participantes no plano não é garantia de melhora do resultado, em função dos
aspectos já ressaltados nos itens “I” e “II” deste parecer”.(Parecer SUSEP/DETEC/GEPEP/DIPLA
No 13486/2005)
O
“GBOEX vem concentrando a aplicação de seus Ativos Financeiros em créditos
oriundos de Assistência Financeira a Participantes, o que, a princípio, garante
uma rentabilidade para a Entidade superior a oferecida pela maioria das demais
aplicações financeiras de mercado. Entretanto, considerando a relevância da
carteira de “Assistência a Participantes”, entendemos que o DEFIS deveria
avaliar a real capacidade de realização da mesma”. (Parecer
SUSEP/DECON/GEACO/DIMES/No 849/2005)
“Outra
questão que entendemos como relevante, considerando que o Resultado
Financeiro oriundo das operações da Assistência Financeira à Participantes é o
principal responsável pelo superávit do GBOEX, é o impacto negativo no
mesmo pela descontinuidade do produto de Pecúlio Taxa Média conforme
recomendado pelo Parecer SUSEP/DETEC/GEPEP/DIPLA No 13486/2005,
tendo em vista a concentração da carteira da Entidade neste tipo de produto”. (in, Parecer SUSEP/DECON/GEACO/DIMES/No
849/2005)
Em janeiro/2007: estupefato
com a passividade da SUSEP ao solicitar “um
plano de negócios com bases mais realistas”, depois de a Entidade ter
corroído parte expressiva do seu patrimônio, na base de R$ 3,5 milhões/mês,
conforme registro da própria SUSEP e do alerta que vem sendo repetido nas
avaliações atuariais dos últimos três exercícios, perguntava eu, alertando que,
logo, esses recursos que estão sendo desviados do patrimônio, de forma
irregular, começarão a faltar para pagar os mais de 200 mil planos de pecúlio
cujos titulares formam uma massa com idade média que já passa dos 70 anos:
Como pode a SUSEP, o órgão controlador
que deve “proteger os interesses dos participantes e assistidos dos
planos de benefícios”, como reza a lei, admitir que mais de 200 mil planos de
pecúlios venham sendo tocados por um “plano de negócios” sem as necessárias
bases realistas?
Como pode a SUSEP resumir a sua ação à
convocação da entidade para solicitar um plano de negócios com bases mais
realistas e acompanhar o desenvolvimento do plano ao longo do tempo, mesmo
sabendo que tanto “o Patrimônio Líquido
como a liquidez apresentada pelo GBOEX podem se deteriorar rapidamente”?
Como pode a SUSEP não ter acolhido,
passados 7 meses, a recomendação para que o DEFIS avaliasse a carteira de “Assistência
Financeira a Participantes” que concentra de uma forma temerária os recursos
financeiros do patrimônio da entidade, contrariando o seu Estatuto e a
legislação?
Diante de tudo isso chegava à conclusão,
à triste conclusão, que mesmo tendo sido confirmadas todas as suas denúncias
sobre a má gestão do patrimônio do GBOEX e os pareceres terem apontado risco
concreto de quebra iminente nada será feito além de acompanhar. Reconheço que
só resta encerrar a minha participação neste processo e recorrer ao Ministério
Público.
Janeiro/2010 - Finalmente, a minha denúncia é
protocolada no Ministério Público Federal e aberto o Inquérito Civil Público,
ICP n 20/2010-97.
Dezembro/2014 - Passados
cinco anos de ICP, o MPF ainda não conseguiu um parecer conclusivo da SUSEP. O
questionamento feito pelo MPF (Ofício PR/RS-MPF
n. 6901/2014, de 13/10/2014, prazo de 15 dias), não foi atendido, apesar de
reiteradas solicitações (O
GBOEX está redondinho).
Praticamente doze anos depois de eu ter
pedido a intervenção, a SUSEP aplica Direção Fiscal no Grupo GBOEX (GBOEX +
Confiança) com as duas empresas na situação que as torna passíveis de
liquidação extrajudicial e os associados sendo “expulsos” por rejustes
absurdos, depois de mais de meio século de contribuição.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
SUSEP: o GBOEX está redondinho
Soube que, nesta semana (1 a 5/12), os diretores
fiscais de GBOEX e Confiança deverão concluir o relatório sobre o estado das
duas empresas e o que adiantaram é que o GBOEX “está redondinho”, portanto
deverá voltar ao normal. Já com a Confiança a situação é totalmente diferente e
difícil. Se não tiver comprador será sugerido à Susep a sua liquidação o que
parece ser o mais provável.
E, segundo me informaram, os coronéis que dirigem o
GBOEX estão impassíveis, sem qualquer reação, conformados com a liquidação da
seguradora. Mas, e por que não estão lutando para conseguir uma alternativa de
mercado ou por que não deixam que outros busquem uma solução? O que devem se
conscientizar é de que uma liquidação extrajudicial é coisa séria e vai pegar
muita gente, pois eu, por exemplo, irei até o fim para que a Justiça se
pronuncie sobre os responsáveis pelas perdas patrimoniais.
Quanto ao GBOEX, o que estranho é a Susep o considerar
“redondinho”.
Aliás, o GBOEX sempre esteve “redondinho” para a
Susep. E posso garantir, pelo conhecimento que adquiri em dezoito anos de
enfrentamento com este grupo de oficiais do Exército que comanda (mandam e
desmandam sem dar satisfação) o GBOEX que isso vem desde o fim dos anos 70
quando deveria ter sido liquidado e não foi porque estava lastreado em um plano
de pecúlios que o próprio MPF já reconheceu que o risco de insolvência vem
desde que começou a comercializar, ou seja, aqueles (o jovem tenente Péricles
incluso) que entraram para o GBOEX, nos anos 60, passaram mais de cinquenta
anos pagando sem saber o que eles já sabiam: que não teriam como adimplir, que
iriam nos dar o calote. Não vou repetir o que já repisei, mas quem quiser pode
ver as razões que me levam a considerar a Susep conivente com o calote que o
GBOEX está dando nos seus associados: (A
participação da SUSEP no logro do GBOEX, 28/11/2012).
E o mais interessante é o que eu
já havia notado (e sentido as consequências) o que agora os peritos do MPF
constataram: a Susep vem empurrando com a barriga este caso GBOEX há muito
tempo causando, cada vez mais prejuízos para esta massa de associados. E, eu
vou mais adiante: a Susep faz isso desde o fim dos anos 70.
No presente caso, o Parecer Técnico PR/RS n.
082/2011 sugeriu que fosse avaliado submeter o GBOEX ao regime especial de
Direção Fiscal, com o objetivo de resguardar os interesses dos consumidores. Isso
no ano de 2011. Em maio/2014, o Parecer Técnico ASSESP PR/RS n. 038/2014 observa que a
“esse respeito nada foi feito até o momento” e que neste período (2010-13) as
Despesas Administrativas do Grupo GBOEX (GBOEX+Confiança) cresceram 46% e o PL
caiu de quase igual percentual, que foram feitas aplicações de risco que
consumiram uns R$ 22 milhões, que a Confiança se tornou insolvente o que só não
aconteceu com o GBOEX devido a uma receita não operacional de quase R$ 50
milhões.
E estranham os peritos do MPF que, mesmo a Susep
possuindo onze divisões de supervisão e de monitoramento, não agiu
proativamente, de forma a evitar que o patrimônio do GBOEX, formado para
garantir o pagamento futuro dos pecúlios fosse usado para cobrir os prejuízos
da seguradora, conforme registrado no dito parecer: “destaca-se que em 2012 a
Confiança já acumulava prejuízos de R$ 48.193.000, os quais adicionados ao
prejuízo de 2013, perfizeram substanciais R$
85.588.000, que foram suportados quase que exclusivamente pelo patrimônio do
Grupo GBOEX”.
A leitura dos dois pareceres do MPF mostra que a
Susep, nestes quase cinco anos (desde janeiro/2010) não respondeu a um sequer
dos questionamentos feitos, limitando-se, como de costume, a fornecer pareceres
compartimentados sem uma análise sistêmica.
Certa vez eu disse ao gerente local da Susep que o
que me irritava é que no Processo SUSEP no 15414.200170/2003-59, em que solicitei a intervenção
da Susep para evitar perdas patrimoniais pelo descumprimento da legislação, se
encontravam “n” pareceres, todos com análises setoriais, mas sem uma conclusão,
como bem constataram os peritos do MPF no parecer técnico de maio/2014:
“pareceres juntados por diferentes departamentos da SUSEP, contexto de absoluta
compartimentalização em que cada unidade restringe-se ao seu campo de atuação,
no âmbito de suas estritas atribuições especificado em Regimento Interno da
autarquia. Com isso, contudo, não foi promovida análise sistêmica da conjuntura
global das operações da supervisionada, requisito obrigatório para agir
preventivamente e minimizar riscos de solvência, pois além do desequilíbrio
atuarial do produto Taxa Média, outros fatores concorreram para a redução
patrimonial do Grupo GBOEX”.
Em 2003, para orientar o citado processo, foi efetuada uma fiscalização, no GBOEX, cuja conclusão
apontava para a intervenção, mas que ficou pendente da viabilidade de um
planejamento estratégico elaborado às pressas, com a nítida intenção de servir
como justificativa para a não intervenção.
Dito processo
perambulou por diversas gavetas, “manipulado por critérios gerenciais
frouxos”, “com enorme inércia burocrática”, no entender do chefe do SUSEP/DECON/GEACO/DIMES,
até que foi engavetado (basta ler a Lei n. 9.784/99 para constatar que não foi
arquivado, mas engavetado) em 2009 com o GBOEX tendo perdas patrimoniais da
ordem de R$ 3 milhões/mês e tendo o tal plano de recuperação sido considerado
inviável, ou seja, não
aplicaram a intervenção porque não quiseram.
Agora, quem
tiver o trabalho de folhear as mais de 2.000 folhas deste processo (engavetado)
vai encontrar uma pilha de pareceres, como constataram mais tarde os peritos do
MPF, “pareceres
juntados por diferentes departamentos da SUSEP, contexto de absoluta
compartimentalização em que cada unidade restringe-se ao seu campo de atuação,
no âmbito de suas estritas atribuições especificadas em Regimento Interno da
autarquia”, todos apontando para a inviabilidade do GBOEX, mas não houve
parecer que fizesse uma “análise sistêmica da conjuntura global das operações
da supervisionada” e confirmasse a intervenção apontada na fiscalização
inicial.
Manipulações e tentativas de arquivamento, várias,
mas nenhuma ação preventiva que evitasse as perdas patrimoniais denunciadas e,
hoje, confirmadas. E as perdas patrimoniais, levantadas pela própria Susep
eram, da ordem, de R$ 3 milhões/mês. Por isso, não canso de repisar: a Susep é
corresponsável pelo calote que o GBOEX está dando em milhares de associados que
são obrigados a pedir exclusão por não suportar as absurdamente elevadas
mensalidades.
Só para que
se tenha ideia do prejuízo causado para milhares de consumidores, registro a
escandalosa rotatividade de um quadro social que deveria ser mínima, dada a
característica da função social: pecúlio por morte.
Pois os registros da Susep mostram que no período
de janeiro/2001 a outubro/2014 ocorreram 897.768 Inclusões e 879.377
Cancelamentos e só cancela quem foi incluído e decidiu sair por uma das três
razões:
VENDA
CASADA COM EMPRÉSTIMO: por ter sido obrigado
a se associar para fazer empréstimo (venda casada, proibido pelo Código do
Consumidor), pagou o empréstimo e saiu. A CPI da Previdência (Câmara dos
Deputados, 1996) registrou em seu relatório que “para permanecerem em
atividade, os montepios tiveram que adotar outras fórmulas. A quase totalidade
das entidades sem fins lucrativos ainda comercializam pecúlios, cujo valor
mensal varia basicamente entre R$ 10 e R$ 20. Para colocar o produto, várias
delas conseguiram códigos de desconto em folha de funcionários públicos,
principalmente militares, o que as habilita a receberem créditos diretamente da
fonte pagadora, sem que seja necessário o incômodo de realizarem as cobranças
por meio de carnês de pagamento. O apelo de vendas para manter o associado
contribuindo é a oferta de empréstimos, cuja amortização e juros também são
objeto de desconto automático em folha, o que reduz sensivelmente o risco de
crédito”. (in, Relatório CPI Previdência, Diário da Câmara dos Deputados,
Suplemento, 12/1996, p27). Este recurso (do empréstimo) se esgotou com a
entrada dos bancos neste rico filão do empréstimo consignado, lá pelo ano de
2003.
ASSÉDIO INDECOROSO DE CORRETORES AOS VELHOS ASSOCIADOS: conforme já
denunciado (Só
quem lucra são os corretores (2), 3/4/2013), espertos corretores,
suportados pelos cadastros fornecidos pelo GBOEX, assediam os velhos
associados, impingindo novos planos de pecúlios que mais tarde, quando percebidos,
são cancelados, perdendo os meses de mensalidade que se transformam em comissão
de agenciamento (250%) que totalizaram quase R$ 110 milhões, em valores de
outubro/2014. Esta fortuna saiu do bolso dos velhos associados, passou pelo
GBOEX e foi parar no bolso de espertos corretores (e de seus parceiros). E o
que fez a Susep que por lei deve proteger os consumidores? Absolutamente nada!
“EXPULSÃO” DOS VELHOS ASSOCIADOS: orientados
pela Susep (Termo de Diligência Fiscal SUSEP/DEFIS/GRFRS n. 007/2005, 30/5/2005) o GBOEX iniciou
a operação que a Susep chama de “sacrificar
o produto através da aplicação de reajustes técnicos”, ou seja, elevar somente
a mensalidade até que se torne insuportável e obrigue o associado a pedir o
cancelamento do seu plano (detalhes: Os coveiros do GBOEX, 21/10/2012).
Isso levou milhares de
associados a pedir cancelamento, deixando para trás mais de cinquenta anos de
contribuição. Um verdadeiro crime contra uma massa de uns 150 mil associados
cuja idade média já passa dos 80 anos. E o pior de tudo: ninguém reage (sou o
único) e, quem de direito, deveria defender, não defende.
A
esperança é na ação do MPF que, no Inquérito Civil em andamento, parece que
perdeu a paciência com a Susep (ou aprendeu a trabalhar com ela) e resolveu
inquirir, através que questionamentos pontuais.
O
presidente do ICP 20/2010-97, requisitou (Ofício PR/RS-MPF n. 6901/2014, de 13/10/2014,
fl.349) informações pontuais do Superintendente da Susep e deu prazo de 15 dias
(fls. 342/4), considerando ...
Que
a Susep já reconheceu a situação de insolvência, que o Parecer Técnico MPF ASSESP PR/RS n.
038/2014) ”indica
quadro econômico de entidade rumando à bancarrota, com gigantismo e crescimento
acelerado das despesas administrativas do Grupo GBOEX, em face do seu
patrimônio líquido desde o ano de 2010”;
Que
“essa situação, conforme apurado no presente inquérito civil público, já vem
sendo acompanhada há mais anos, sem que medidas eficazes tenham sido promovidas
para impedir que a situação atual se instalasse, nada tendo respondido de
concreto a SUSEP diante de questionamento anterior desta unidade do MPF quanto
à necessidade de submeter a entidade fiscalizada ao regime especial de direção
fiscal, enquanto sua saúde financeira lhe conferiria maiores chances de
recuperação”;
Que,
“conforme referido no presente inquérito civil público, já houve prévio
desfazimento de bens da GBOEX, transferidos à Confiança Seguradora para
saneamento das finanças desta, o que se demonstrou medida inócua diante da sua
posterior (ora atual) situação de insolvência”;
Que,
“apesar de a previsão de auferimento de recursos com o leilão dos imóveis
referido acima ser da monta de 26 milhões de reais (fl. 31), recursos muito
superiores, recebidos pela entidade em 2012 (49,5 milhões de reais, ingresso
extraordinário e não operacional), foram integralmente absorvidos no próprio
exercício financeiro, em razão do quadro deficitário da entidade”;
Que “expressiva perda patrimonial do grupo
(GBOEX e Confiança Seguradora) em 2013 decorreu de investimento de alto risco
no Banco BVA, liquidado extrajudicialmente pelo Banco Central”;
Que
“as medidas prévias indicadas pela SUSEP para saneamento da fiscalizada não
foram suficientes para evitar o seu quadro atual”;
Que
“o patrimônio da entidade deveria ser resguardado, tanto quanto possível para
assegurar aos seus associados a fruição dos benefícios que contrataram”.
Formulou os seguintes quesitos:
PRIMEIRO QUESITO: “se entende que a utilização de recursos obtidos
com outros serviços ou mercadorias fornecidos pela GBOEX no mercado de consumo
para mitigação de falta de capacidade de sustentação de um plano de benefício
determinado (Plano Individual de Pecúlio por Morte – Taxa Média) está em
consonância com o disposto no art. 3º, inciso III e art. 29, inciso I, ambos da
Lei Complementar n. 109/2001 que manda o GBOEX tratar os planos de benefícios
de forma isolada e Susep “proteger os interesses dos participantes e assistidos
dos planos de benefícios”.
Este quesito bate na viga mestra do planejamento estratégico, montado para
escapar da intervenção, em 2003, e que consistia em gerar superávit no plano de
pecúlio Faixa Etária para compensar parte do colossal déficit no majoritário
(75% da arrecadação) plano de pecúlio Taxa Média.
Em
Reajuste
abusivo e imoral (27/1/2013) apontei o absurdo de um militar R/R da Aeronáutica, 86 anos, sócio desde 1966, que paga
mensalmente R$ 2.520,83
enquanto o devido seria R$ 216,70.
E
a Susep dá guarida para este absurdo, conforme consta no Termo de
Diligência Fiscal SUSEP/DEFIS/GRFRS No007/2005, 30/5/2005: “O plano
de pecúlio Faixa Etária vem
apresentando um crescente superávit de arrecadação ao longo dos três últimos anos.
Sendo a taxação de risco automaticamente proporcional à idade de cada
participante, o plano de pecúlio não reclama esforço de rejuvenescimento do
grupo de participantes, de modo que seu incremento contribui para o
equilíbrio da carteira de pecúlios da entidade”.
SEGUNDO QUESITO: é para saber se a Susep “entende
que a determinação de reajustes nos valores a serem pagos por participantes do
Plano Individual de Pecúlio por Morte – Taxa Média
em valores muito superiores à inflação, com o escopo de recuperação do
equilíbrio econômico-financeiro e atuarial, levando alguns de seus
participantes de seus participantes mais antigos ao abandono do plano, atende
(e em que medida) ao disposto no art. 3º, inciso VI, da Lei Complementar n.
109/2001”.
TERCEIRO QUESITO: solicita que a Susep informe “de forma
individualizada ano a ano, desde 2000, quantos participantes do Plano
Individual de Pecúlio por Morte – Taxa Média
deixaram, voluntariamente, de participar de tal plano e, destes, quantos já
contavam com mais de 65 anos de idade”. O que poderia adiantar é que se trata
de milhares de associados que pediram o cancelamento do seu plano por não
suportar mais o valor da mensalidade e, mais: TODOS com mais de 65 anos de
idade.
Vou
sugerir que o MPF estenda este quesito pedindo que o GBOEX discrimine os quase
880 mil cancelamentos ocorridos, desde o ano de 2001, e verá que a esmagadora
maioria se deve a operações que atropelam o Código de Defesa do Consumidor:vender
o que sabe não poder entregar, venda casada e enganar idosos. No meu blog estão
as justificativas para esta declaração.
QUARTO QUESITO: a Susep vai ter que informar “se, atualmente, o
patrimônio da entidade comporta ou poderá, em futuro próximo, comportar o
cumprimento das obrigações assumidas em face dos participantes e assistidos de
seus planos”.
QUINTO QUESITO: que medidas efetivas já foram e/ou serão adotadas
pela Susep para impedir que o capital auferido pela GBOEX com o leilão (de
imóveis) seja utilizado para fins outros que não a garantia do cumprimento das
obrigações da entidade em face dos participantes e assistidos de seus planos?
Cabe
aqui um esclarecimento sobre informação equivocada que o GBOEX deu ao questionamento
feito pela Promotoria de Justiça Especializada de Defesa do Consumidor, em
ofício de 6/10/2014 (o encargo de sustar o leilão, por mim solicitado, foi
repassado pelo MPF ao MP-RS) sobre o assunto, o GBOEX responde que “repudia
veementemente as alegações formuladas pelo referido associado (Péricles) de que
o leilão em tela teria como objetivo cobrir prejuízos de sua empresa
controlada, Confiança Cia. de Seguros” (ICP 20/2010-97, fl. 359). Não procede!
Como
já mostrado (acima), nos dois últimos exercícios o prejuízo da Confiança foi de R$
85 milhões o que impactou no balanço da controladora, o GBOEX, conforme pode
ser constatado no seu Balanço Patrimonial de junho/2014 onde após o quadro
demonstrativo de uma insuficiência de PLA de quase R$ 23 milhões, conclui que “Visando sanar a
insuficiência de Patrimônio Líquido Ajustado em curto prazo, o GBOEX realizará
a alienação de parcela de seus ativos imobiliários, os quais se encontram
subavaliados contabilmente, em vista de suas depreciações, e sem possibilidade
legal de reavaliação a valor justo de mercado. Para tal, utilizará a modalidade
de leilão, que possibilita a alienação com menor custo”.
Aliás,
no BP de junho/2014, uma hipocrisia, única razão para alguém se basear ao
classificar a situação do GBOEX como “redondinha”: “A Diretoria
Executiva buscou implementar ações visando a aprimorar o relacionamento com
associados, reduzir despesas administrativas, otimizar a rentabilidade de
Ativos, potencializar a arrecadação das receitas de Planos e agilizar o
pagamento dos benefícios. Essas ações tem foco voltado para o equilíbrio do
resultado operacional da Entidade e o atendimento a associados e seus
beneficiários, razões de ser do GBOEX”. (BP GBOEX junho/2014)
Vejamos
o que registrou um velho general que pediu exclusão por não
mais suportar o abusivo aumento da mensalidade, provocada por alguns de seus
antigos cadetes: "São 54 anos de pagamento de pecúlio. Sei que não vou durar muito, mas minha revolta com os senhores é tamanha que prefiro me desvincular de pessoas como vocês. Sei que é isso que querem de nós associados, mas, prefiro prefiro perder muito mais em relação ao que iria receber, do que submeter a essa chantagem vergonhosa, principalmente, partindo de oficiais que eu ajudei a formar". Só aqueles que passaram pela AMAN sabem o respeito que devotamos por nossos instrutores e podem avaliar a vergonha que tal justa explosão de indignação, deveria provocar (repisando o que escrevi em Nau à deriva , 26/8/2013).
“O GBOEX está redondinho”!
Pode estar redondinho para burocratas que
se
restringem “ao seu campo de atuação, no âmbito de suas estritas atribuições,
especificado em Regimento Interno da autarquia”, conforme constatou o MPF.
Insensíveis ao todo, apontaram “sacrificar o
produto” como a solução, mesmo sabendo que este “produto” era o plano pecúlios
que permitiram que fosse comercializado para milhares de jovens, como eu, nos
anos 60, sabendo que não tinha a consistência atuarial e que não teriam como
adimplir, como muito bem já constatou o MPF. Sabendo que o "sacrificar o produto" significava o CALOTE em milhares de consumidores que deveriam, por lei proteger.
Insensíveis ao todo, não atentam para o
alerta dado pelo relatório da CPI da Previdência (fl. 202, 1996) quanto a prejuízos para a União: “É oportuno
mencionar que o Banco Central já foi condenado pela justiça (no TRF-RJ, pelo caso
Coroa-Bratel) a indenizar pessoas que foram prejudicadas pela inépcia de sua
fiscalização. Isso nos autoriza a alertar para a possibilidade de dano ao Erário também no caso da SUSEP, se
o Executivo não adotar as medidas necessárias para aparelhar o órgão dos
devidos recursos humanos e materiais. A SUSEP não possui controles adequados
que lhe permita conhecer a situação financeira das entidades abertas, o que
traz profunda insegurança aos participantes do sistema”.
Insensíveis, não
atentam que um dos objetivos da autarquia a que servem é “proteger os
interesses dos participantes e assistidos dos planos de benefícios”, nos termos
do Art. 3º, inciso VI, da Lei Complementar n. 109/2001.
.
domingo, 30 de novembro de 2014
O TITANIC E A INCOMPETÊNCIA DO SEU COMANDANTE
O GBOEX está entregue a um grupo de oficiais do
Exército que não sabem o que fazer com a crise que geraram em uma entidade que
foi construída para garantir o futuro de milhares de pessoas, através de um
pecúlio. Depois de anos de desgoverno, o piloto automático pifou e eles não
sabem o que fazer.
Os absurdos que estão acontecendo são
inacreditáveis. E isso que estou baseado somente nos dados publicados e em
informações que vazam pelos poros deste moribundo GBOEX. De um lado um grupo
pautado pela arrogância e pela ignorância e de outro um grupo de espertos e
calejados empresários ávidos para fazerem um bom negócio.
Uma seguradora centenária, estruturada na
plataforma GBOEX (seu maior ativo), com uns 200 mil associados espalhados pelo
Brasil e com canais de consignação com a maioria dos órgãos públicos. Só a
carteira de seguros de acidentes pessoais (APC) dá um resultado mensal líquido
da ordem de R$ 2 milhões e deve ter um valor de mercado da ordem dos seus R$ 50
milhões ou mais. O seguro obrigatório de automóvel, o DPVAT, rende outros R$ 2
milhões mensais, líquidos! Juntos devem dar uma bela receita líquida anual de
uns R$ 24 milhões o que, na mão de gente competente, pode ser a base de um bom
faturamento, mas na de gente incompetente, o resultado é próximo ao de um
macaco em loja de louças o que vem acontecendo neste seguradora.
Basta dar uma olhada no último Balanço Patrimonial
(BP/junho2014) para ver o que este grupo de empresários, que assumiu a Confiança,
pretende: “A Companhia, por decisão do acionista majoritário, alterou a
composição diretiva e se prepara para uma mudança expressiva em sua trajetória.
A primeira ação da diretoria empossada foi criar uma nova cultura dentro da
própria Cia, e isto incluiu realinhamento da força de trabalho, reduzindo assim
todo e qualquer excesso. A Cia planeja ter menos camadas de gerenciamento, tanto
de cima para baixo quanto para os lados, o que permitirá acelerar os fluxos nas
informações e tomada de decisões”. Por “por decisão do acionista majoritário”
entenda-se “por decisão dos novos proprietários”. Em suma: CHEGA DE AMADORISMO.
Estes empresários pretendem fazer o que deveria
ter sido feito em 2008/9 quando o mercado segurador foi forçado a se ajustar às
novas exigências impostas pela Susep para aumentar a credibilidade do setor,
abalado com a crise do sub prime
americano. Conselheiros amadores e inconsequentes tomaram a decisão que acabou
enterrando a Confiança: ajustaram o capital da seguradora ao seu perfil (área
de atuação e portfólio), em vez de proceder ao contrário.
Resultado: aceitaram vender a Confiança por um
preço que os empresários sabem valer umas oito, dez vezes mais.
E o pior é que já se vai para oito meses (tudo
começou em março/2014 com a aceitação da proposta de compra do controle
acionário (100%) e a passagem de comando para Marcelo Cabelleira) com a
seguradora comandada pelo novo grupo, mas com o GBOEX responsável perante Susep
porque ainda não foi equacionado o problema de solvência. Onde está o reforço
de caixa previsto no BP de junho/2014, “um incremento de R$ 77.928 milhões de
reais de dinheiro novo”?
Tudo porque neste vai-e-vem de contratos
assinados, todos “em caráter irrevogável e irretratável”, nada foi cumprido, o
que permite que se desconfie de que, como se comenta, “falta capacidade
econômica para cumprir o contratado”. Desconfianças, inclusive, do órgão
controlador, de que tudo não passou de simulações para atender condições
legais.
E os conselheiros estão por fora de tudo isso,
já não estão nem aí, o que interessa é que no fim do mês estão com o deles no
bolso, mesmo que seja ao arrepio da lei como tem sido em vários exercícios e
que, agora, o Diretor Fiscal, deverá avaliar e se pronunciar com base em
petição feita (Representação
contra os Conselheiros, 7/11/2014). E em todos esses meses de boatos que
envolveram a venda da seguradora e o naufrágio do grupo, sinalizado pela
insolvência e pela intervenção da Susep (Direção Fiscal), não mereceu uma nota
sequer de esclarecimento do Conselho Deliberativo, para esclarecer o mercado e
tranquilizar os associados.
A verdade é que a seguradora está imobilizada,
pois sem o capital que os novos donos deveriam aportar para acabar com a
insolvência, impossível o reinício das operações. E se a Susep fizer o que a lei
manda, aplica logo na Confiança a liquidação extrajudicial que vai levar junto
o patrimônio que foi formado para garantir o pagamento dos pecúlios daqueles
que passaram mais de meio século pagando.
Diante de tudo isso, pergunto: por que, os
coronéis que comandam o GBOEX, não reconhecem a sua incapacidade e não convocam
uma assembleia geral para expor a gravidade da situação e se submetem ao que
for decidido? Será que não existe alternativa de mercado que permita salvar o
patrimônio do GBOEX? Ficarão impassíveis esperando uma liquidação
extrajudicial? Seria uma atitude digna. Caso contrário vão se transformar em
mortos-vivos, dignos do desprezo dos seus companheiros como já disse um velho
general ao pedir seu afastamento do GBOEX.
Convém lembrar o que a arrogância deste grupo de
oficiais do Exército registrou no editorial do Informativo do GBOEX (ano
1998/2), ao anunciar uma revolução cultural que o então presidente executivo,
Cel. Omar Lima Dias, vinha acalentando, desde seus tempos de Conselho
Deliberativo, para implementar um programa de Qualidade, o que nunca conseguiu
enquanto Iese Rego comandava o GBOEX (leia Resposta
ao GBOEX (2), 6/5/2013): “Ao contrário do Titanic, que só afundou por
incompetência de seu comandante, o GBOEX continuará navegando rumo ao futuro,
singrando os mares conturbados da atual economia globalizada, com a sua proa
visionária bem orientada e com a mesma firmeza e soberania que sempre o
nortearam durante estes oitenta e cinco anos de existência”. Parece que o ato
falho do editorial de 1998 está se concretizando, pelo naufrágio que se
avizinha e pela incompetência de seus comandantes.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
GESTÃO DO PATRIMÔNIO: NEBULOSIDADES
Tenho sido o centro de convergência de informações que
me permitem classificar a gestão do patrimônio do GBOEX como nociva aos
interesses dos seus milhares de associados cuja idade média já passa dos 80
anos, cinquenta e tantos dos quais, contribuindo religiosamente para deixar um
pecúlio cuja garantia seria, digo seria, o patrimônio construído antes de esse
grupo de oficiais do Exército assumir o comando, no início dos anos 80.
Acontece que este patrimônio vem sendo dilapidado por
uma “má gerência administrativa”, no entender do MPF (ICP MPF/RS 20/2010-97,
fl. 214), que levou, tanto o GBOEX como a seguradora Confiança, ao estado de
insolvência. A insolvência do Grupo GBOEX chegou a casa dos R$ 136
milhões, conforme balanços patrimoniais publicados (junho/2014).
Só para que fique bem caracterizada a falta de
transparência que norteia a gestão do patrimônio do GBOEX, vou iniciar me
referindo a última de muitas investidas feitas para que o presidente do GBOEX convocasse
uma Assembleia Geral Extraordinária para informar os associados sobre a
situação da entidade e salientava que “oportuna seria a convocação de uma AGE
para que pudesse o CD buscar na soberania da Assembleia Geral o respaldo para
deliberar sobre matéria de relevância como “dirimir as soluções juridicamente
aplicáveis ao restabelecimento de sua saúde financeira””.
Na Carta
030/2014, de 9/5/2014, o presidente do GBOEX (ICP MPF 20/2010-97, fls.333/34) ao avaliar as razões
apresentadas para a convocação de uma AGE rejeitou-as, alegando que “os demais
itens alinhados (variação de patrimônio líquido, Termo de Ajustamento de Conduta entre Susep e a
Confiança e o aludido Inquérito Civil Público” não são, à toda evidência,
passíveis de apreciação e deliberação pela Assembleia Geral por qualquer prisma
de análise”. E que, em “síntese apertada, todos esses itens já estão
solucionados, e bem solucionados, sob o devido gerenciamento da administração
do GBOEX em respaldo das superiores garantias ao quadro social”. E para sacramentar a negativa de convocação
de uma AGE, informou que o CD
decidiu, à unanimidade, que “não se configura situação de urgência e de
relevância, à luz da exposta fundamentação” para a convocação de AGE, através
do art. 22, II, do Estatuto.
As
informações recebidas de várias fontes permitem que se vislumbre, apesar da
nebulosidade, o que vem ocorrendo e que, posso assegurar, é do conhecimento da
Susep.
Consta que
o interesse de Marcelo Cabelleira, atual presidente da Confiança, pela
seguradora vem do início do ano de 2014 quando acertou com um empresário
mineiro a constituição de uma sociedade anônima específica (Investpar) para
aquisição e controle da Confiança Cia. de Seguros tendo, nesta ocasião, formalizado
proposta de compra da totalidade das ações da Confiança, pelo valor do PL de
dezembro/2013 (R$ 16.894.380). A proposta foi aceita ficando a Investpar de
capitalizar a Confiança de forma que atendesse aos requisitos da Susep para a transferência,
no que tange ao CMR (Capital Mínimo Requerido).
Depois disso,
veio a AG (31/3/2014) em que Cabelleira foi eleito presidente da Confiança,
conforme já registrado neste blog (Obscuridades
na Confiança, 20/5/2014).
Segundo consta, para compatibilizar exigências legais,
junto à Susep, com as necessidades de fluxo de caixa e para eliminar a insolvência,
ficou acertado que o processo de aquisição seria dividido em duas etapas o que
vem confirmar as informações que recebi (Esclarecimentos
necessários e urgentes, 30/5/2014), de que, no mês de março de 2014, “A
direção do GBOEX celebrou acordo de gaveta para a venda das ações da
seguradora, aceitando promessas dos compradores que fariam aportes de valores
expressivos para sanear a seguradora” e se “tudo ocorresse bem no acordo
realizado, no segundo semestre deste ano (2014), após o saneamento da
seguradora pelos compradores, o GBOEX oficializaria perante os órgãos
competentes a venda das ações para os compradores, ocorrida de fato na eleição
da diretoria quando da realização da AGO de março de 2014”.
Como associado do GBOEX, nada tenho contra os
compradores e não me interessa a forma como a nova controladora (Investpar) vai
capitalizar a Confiança. O que me interessa é saber a forma como está sendo
tratado o patrimônio do GBOEX, em cumprimento do inciso II, art. 14, do
Estatuto que inclui, entre os deveres do associado, participar, “tão logo tenha
conhecimento, qualquer fato que possa afetar o patrimônio do GBOEX”.
E neste sentido, alinho os questionamentos que devem
ser feitos na pleiteada AGE, com relação a este sumidouro do patrimônio do
GBOEX, chamado Confiança Cia. de Seguros:
Por que o CD, em decisão que, segundo seu presidente
(carta de 16/4/2009, respondendo a questionamento meu), custou “muito estudo,
simulação de cenários e de um planejamento detalhado” não ajustou o perfil da
seguradora (área de atuação e portfólio) ao capital existente, preferindo
ajustar o capital ao perfil existente, através da transferência da metade dos
imóveis do GBOEX, quando foram estabelecidas novas regras de
solvência para o mercado segurador brasileiro, em 2008/9 (A
insolvência da Confiança, 12/12/2013)?
Por que o GBOEX injetou na Confiança R$ 4 milhões,
depois de ter aceito a proposta de compra da seguradora?
Por que, até hoje, não foram resolvidos os problemas
de insolvência da Confiança e nem efetivada, junto à Susep, a sua
transferência, permanecendo o GBOEX como o responsável mesmo já tendo abdicado
da sua gestão?
Por que o GBOEX aceitou vender a integralidade das
ações da Confiança por apenas R$ 17 milhões (e já recebeu?), quando lá na Confiança estavam estocados imóveis do
patrimônio do GBOEX que foram vendidos aos mineiros por R$ 95 milhões?
Saliente-se que, em 26/6/2014, foi firmado o contrato Particular de Promessa de
Compra e Venda de Bens Imóveis, através do qual foi alienado praticamente 100%
da carteira imobiliária remanescente. E os signatários não foram os novos
gestores, liderados por Marcelo Cabelleira, mas os coronéis Sérgio Luis
Lhullier Renk e Ilton Roberto Brum Oliveira.
Aqui, urge que se exponha o patrimônio que foi
dilapidado com a má gerência administrativa que foi imposta ao Grupo GBOEX por
esta turma de oficiais do Exército que mesmo com todos os prejuízos causados se
remuneram com salários na faixa dos R$ 15 mil aos R$ 30 mil.
Os imóveis abaixo listados foram todos vendidos por R$
95 milhões para empresa do sócio mineiro de Marcelo Cabelleira, todos imóveis
adquiridos pelo GBOEX com a finalidade estatutária de garantir o pagamento dos
pecúlios que agora estão sendo caloteados, através da expulsão dos seus velhos
associados com reajustes que transformam a mensalidade em algo impagável.
Imóveis que foram adquiridos pelo GBOEX e repassados
para a Confiança para tapar os buracos abertos por administrações incompetentes
que consolidaram um processo de degradação que causou grandes prejuízos e, em
consequência, grandes perdas ao patrimônio do GBOEX.
Depois
desta nova mostra da dilapidação do patrimônio vale repetir a justificativa
dada, pelo presidente do GBOEX, em maio/2014, um mês antes desta nova
dilapidação do patrimônio do GBOEX, para que fique bem exposta a arrogância e o
desprezo que esta turma que comanda o GBOEX tem pelos seus milhares de
associados ao negar pela enésima vez a convocação de uma AGE: “De seu turno, os demais itens alinhados (variação de patrimônio líquido, Termo de
Ajustamento de Conduta entre SUSEP e a Confiança Cia. de Seguros e o aludido
Inquérito Civil Público) não são, a toda evidência, passíveis de apreciação e
deliberação pela Assembleia Geral por quaisquer prismas de análise. Em
síntese apertada, todos esses itens já estão solucionados, e bem solucionados,
sob o devido gerenciamento da administração do GBOEX em respaldo das superiores
garantias ao quadro social”.
E para
sacramentar a negativa de convocação de uma AGE, informou que o CD decidiu, à unanimidade, que
“não se configura situação de urgência e de relevância, à luz da exposta
fundamentação” para a convocação de AGE, através do art. 22, II, do Estatuto.
Já me
referi (e não custa repetir) à infalibilidade da máxima A+I=F, ou seja, ARROGÂNCIA associada à
IGNORÂNCIA sempre leva ao FRACASSO (O
custo MLD, 10/5/2013). Saem dos quartéis,
direto para dirigir um negócio que exige, cada vez mais, competência, recebendo
altos salários e acabam consolidando uma cultura pautada pela “má gerência
administrativa”, conforme apontou o MPF. Ou, como constatam os novos gestores
da Confiança: consolidaram uma cultura que acabou levando a seguradora a “um
processo de degradação, causando enormes prejuízos” (BP Confiança, jun/2014).
Tudo isso causado por gente que
recebe altos salários e, em muitos casos, indevidos, conforme já salientado (Representação
contra os Conselheiros, 7/11/2014). A propósito, para reforçar o pedido
feito ao Diretor Fiscal do GBOEX (suspensão e ressarcimento dos salários
indevidos), mais uma comprovação para a imediata suspensão dos salários: em
ofício 490/2014/SUSEP-GABIN, de 26/9/2014 e de lavra do seu Superintendente, em
resposta a ofício da presidente do ICP 20/2010-97, a Susep informa que o GBOEX
foi obrigado a republicar seu balanço de 2013 onde ficou evidente “uma situação de insuficiência de capital
que a enquadra em situação de insolvência”. E, diante disso, como os
conselheiros fixaram remuneração para si e para os diretores?
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