O Grupo GBOEX, formado pelo
próprio GBOEX e pela seguradora Confiança, está à beira da insolvência porque
tanto os controles internos como os controles externos foram relapsos. “Esta a bomba arrasa-quarteirão que está no colo dessa
massa de (milhares de) associados que passou uma vida pagando para deixar uma
segurança para os seus. E está ameaçada de levar um calote no fim da vida”,
alertava eu, três anos atrás, (Evacuando
o quarteirão, 13/5/2011) e complementava: “Por
“evacuando o quarteirão” entende-se, no caso em pauta, a operação de esvaziar o
GBOEX, retirando dele o patrimônio formado para garantir o pagamento dos
pecúlios e a saída gradual e voluntária dos responsáveis pelas perdas
patrimoniais”. Calote, aliás, confirmado pelo Ministério
Público Federal (ICP n. 20/2010-97) quando constatou que já sabiam, desde o
início, que não poderiam honrar os compromissos assumidos com os pecúlios.
Para não me alongar vou tratar
sobre as falhas dos controles externos (SUSEP e Forças Armadas) e deixar para
depois os controles internos, a participação daqueles que recebem o mandato dos
associados para bem fiscalizar e controlar a gestão do Patrimônio do GBOEX, os
seus conselheiros que, regiamente pagos, podem até se livrar pela prescrição da
responsabilidade civil pelos seus atos, mas nunca da responsabilidade perante
os associados porque não existe pena maior, para aqueles que têm vergonha na
cara, do que o desprezo de um velho instrutor, ao desistir do GBOEX: “São 54 anos de pagamento de
pecúlio. Sei que não vou durar muito, mas minha revolta com
os senhores é tamanha que prefiro me desvincular de pessoas como vocês. Sei que é isso que querem de nós associados, mas, prefiro perder muito
mais em relação ao que iria receber, do que me submeter a essa chantagem
vergonhosa, principalmente, partindo de oficiais que eu ajudei a formar”. E me reportarei, desde o início dos anos 90, quando o
Conselho Deliberativo foi alertado sobre a insuficiência do plano de pecúlios
majoritário (Os
coveiros do GBOEX, 21/10/2012). O título "Arrogância + Ignorância = Fracasso" ficará claro, muito claro, na segunda parte deste texto.
A conivência da União Federal foi
materializada pelas mãos da SUSEP e das Forças Armadas, em modo muito especial,
do Exército que permitiu que seu nome fosse usado. Milhares de militares
confiavam que, se algum risco existisse, não seria concedido desconto em folha
de pagamento o que inviabilizaria o negócio. Milhares de civis preferiam
confiar o futuro de sua família ao GBOEX - Grêmio Beneficente dos OFICIAIS DO
EXÉRCITO porque confiavam nos militares.
Quanto ao
Exército: “Vários alertas foram feitos em todos os escalões, mas não adianta,
comandantes que seguramente não são associados do GBOEX, abrem as portas em
troco de favores e doações. Estão ajudando para que outras gerações sejam
enganadas como a nossa. São corresponsáveis pelo que respinga desta lama no
nome do nosso Exército” (Sócios: uma massa desamparada, 28/1/2014). Todos os textos do meu blog Sócios do GBOEX são informados ao
Comandante do Exército. Sempre o silêncio. A omissão. Nem o mínimo, a convocação dos
dirigentes do GBOEX para que se explicassem e, em caso negativo, anunciar a
retirada do aval do Exército, através do cancelamento do desconto em folha de
pagamento.
Não sensibiliza os comandantes
militares o fato de que os militares em geral estão expostos a mais um desgaste
junto à sociedade pelo calote que está sendo imposto a milhares de consumidores
por um grupo de oficiais do Exército que comanda o GBOEX, há mais de trinta
anos, sem oposição e com salários que chegam à faixa dos R$ 30.000,00.
Hoje, milhares estão sendo
expulsos com a conivência da SUSEP (Os
coveiros do GBOEX, 21/10/2012) que apontou como a única saída, diante da
insolvência que se aproxima, a aplicação de sucessivos reajustes na mensalidade
(sem correspondente aumento do pecúlio) até que se torne insuportável e force o
associado a pedir sua exclusão, perdendo tudo que pagou nos cinquenta e tantos
anos de contribuição e deixando sua família sem a proteção do pecúlio.
A SUSEP, repita-se, foi
conivente (A
participação da SUSEP no logro do GBOEX, 28/11/2012), não cumpriu com a sua
obrigação básica que é “proteger os interesses dos participantes e assistidos
dos planos de benefícios” (VI, art. 3º, LC 109/2001).
Acusei a SUSEP, na
representação feita em janeiro de 2010, que gerou o Inquérito Civil (ICP
20/2010-97) e que até hoje tramita no MPF. Ouvida, a SUSEP não refutou as sete
falhas na fiscalização, por mim apontadas. O MPF, através de parecer da sua
Assessoria Especial (ASSESP PR/RS n. 038/2014) chega à mesma conclusão ao avaliar
a resposta da SUSEP às acusações feitas, limitando-se a enviar pareceres
setoriais, sem uma “análise sistêmica da conjuntura global das operações
supervisionadas”. No parecer do MPF, termos duros, como “obscuro” e “simplista”,
ao considerar o parecer da SUSEP sobre critérios de reajustes (considerados
ilegais pelo MPF) que superaram em 55,87% a inflação oficial, no período 2007-2013,
“causando sério prejuízo aos adquirentes de tal produto, que seguramente não
contavam com essa série de majorações em suas prestações mensais”. Sobre outro
parecer da SUSEP: “inicia equivocado”, “nada acrescentando de novo”, que a
SUSEP nem avaliou a sugestão feita pelo MPF sobre a intervenção no GBOEX, “para
salvaguardar os direitos e interesses dos consumidores”.
Ao analisar “as operações
financeiras e patrimoniais evidenciadas nas demonstrações contábeis do Grupo
GBOEX” o Parecer do MPF é ainda mais incisivo quando aponta que a intervenção
feita na seguradora Confiança, através de um TAC, além de tardia, “deveria ter abrangido todo o Grupo GBOEX,
não apenas afetado a Confiança Seguradora e além de alienar ativos, vir
acompanhado principalmente de rigorosa contenção de despesas” porque,
como já salientado (Esclarecimentos
necessários e urgentes), no período 2010-2013, enquanto as Despesas
Administrativas cresciam na ordem de 45%, o Patrimônio Líquido despencavam em
igual percentual.
Assinala ainda o MPF que o
GBOEX só não acompanhou a Confiança no poço da insolvência, depois do sumiço de
mais de R$ 20 milhões jogados insensatamente no liquidado Banco BVA (Nau à deriva,
26/8/2013), porque recebeu quase R$ 50 milhões do contencioso com o Grupo
Isdralit, “pois acaso não houvesse auferido esse ingresso extraordinário não
operacional, a insolvência já estaria
estabelecida”, constata o MPF. Insolvência significa incapacidade de
pagar pecúlios! Significa o reconhecimento do CALOTE.
Para
concluir, não custa repetir (A
participação da SUSEP no logro do GBOEX, 28/11/2012): Diante da omissão do órgão
regulador e fiscalizador em “proteger os interesses dos participantes e
assistidos dos planos de benefícios”, resta a esta massa de milhares de
consumidores buscar, através de uma ação judicial, o ressarcimento dos
prejuízos causados pela inépcia da fiscalização o que, aliás, já foi lembrado
por ocasião da CPI da Previdência Privada (Câmara dos Deputados, 1996) quando
no seu relatório consta, ao abordar a “Sistemática de Fiscalização da SUSEP”
(pág. 199-203):
“É
oportuno mencionar que o Banco Central já foi condenado pela justiça (no TRF-RJ
pelo caso Coroa-Brastel) a indenizar pessoas que foram prejudicadas pela
inépcia de sua fiscalização. Isso nos autoriza a alertar para a
possibilidade de dano ao Erário também no caso da SUSEP, se o Executivo
não adotar as medidas necessárias para aparelhar o órgão dos devidos recursos
humanos e materiais. A SUSEP não possui controles adequados que lhe permita
conhecer a situação financeira das entidades abertas,o que traz profunda
insegurança aos participantes do sistema”.
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