Desde 1998, lá se vão 17 anos de enfrentamento contínuo com esses oficiais do Exército que comandam o GBOEX e a seguradora Confiança. E sozinho, suportando a pressão de renomados advogados que , em troca de polpudos honorários, tentaram me intimidar, mas a única coisa que conseguiram foi me destacar como “reconhecidamente inimigo capital das últimas 03 administrações do GBOEX” (autos ICP n. 20/2010-97, fl. 87 e Inimigo Capital).
Nestes dezessete anos, não só testemunhei como
registrei nos autos de vários processos na Justiça, no MP/RS, na SUSEP e no
MPF/RS a dilapidação do patrimônio do GBOEX, provocado pela conjugação da
arrogância e a ignorância, devidamente acalentada pela conivência da SUSEP que já
sabia que o GBOEX não tinha condições de adimplir o contratado com milhares de
jovens como eu (autos ICP n. 20/2010-97, fls. 63 e 214), lá nos anos 60; que
permitiu que o GBOEX duplicasse a sua carteira de pecúlios em uma operação
suicida que potencializou as perdas patrimoniais (idem, fl. 64), mas garantiu generosos
salários para conselheiros e diretores; que se omitiu diante do surgimento do
déficit atuarial permitindo que fosse compensado com o patrimônio, mesmo diante
de repetidos alertas do atuário de que “mensalmente, parte do Patrimônio do GBOEX,
está sendo utilizado para cobrir este déficit” (idem, fl. 66) e que obstaculizou o meu pedido de intervenção no GBOEX
(Processo SUSEP no. 15414.200170/2003-59), no ano de 2003, mesmo tendo
sido reconhecida como a providência adequada pela fiscalização feita,
limitando-se a reconhecer, como única saída, a “liquidação do produto”, ou seja
o calote, através de uma sucessão de ilegais reajustes na mensalidade até
torná-la insuportável, forçando o pedido de exclusão de associados que passaram
mais de 50 anos contribuindo (autos ICP n. 20/2010-97, fls. 46 e 215).
Saliente-se que à SUSEP foi dado o direito do contraditório pelo MPF e nada
contestou.
Esta conivência serviu de catalisador para que a
ignorância e a arrogância produzissem a dilapidação do patrimônio que foi
formado (antes deste grupo assumir o poder) para garantir o pagamento dos
pecúlios. Já demonstrei isso em Os coveiros do GBOEX,
mas vou salientar com os insistentes pedidos que venho fazendo pela convocação
de uma Assembleia Geral (AGE) para que os associados tomem conhecimento da
grave situação em que se encontra a entidade e deliberar sobre o assunto.
No ano de 2007, solicitei a convocação de uma
AGE para que os associados tomassem conhecimento do alerta feito pela SUSEP, em
2005, que considerando o desequilíbrio operacional e as incertezas no
planejamento, “tanto o Patrimônio
Líquido como a liquidez apresentada pelo GBOEX podem se deteriorar rapidamente”
e a resposta com pitadas de arrogância e ignorância foi dada pelo presidente do
GBOEX, coronel Renk: “não se vislumbra nenhuma incerteza, tampouco qualquer
desequilíbrio operacional. Contrariamente, há liquidez e solvência”. “Resta
evidente e demonstrado, portanto, que o assunto em questão não requer
Assembleia Geral de sócios, tampouco comissão para identificar
responsabilidades por perdas patrimoniais, porquanto adstrito e competência dos
órgãos superiores da administração do GBOEX, com o acompanhamento da SUSEP, órgão regulador e
fiscalizador das atividades da entidade”.
Esta
decisão do coronel presidente é a mais clara demonstração do acima exposto.
Recentemente
(maio/2014), insisti na convocação da AGE e a resposta do coronel presidente
foi de que as providência cabíveis para proteger o patrimônio do GBOEX “foram
adequadamente adotadas, também nada havendo a acrescentar, eis que tutelados,
com a mais absoluta segurança, todos os interesses do quadro social”, e que “verifica-se com facilidade, que a
liquidez e solvência da entidade é total, nenhum risco oferecendo às
responsabilidades congregadas no seu universo” e que assuntos sobre “variação
de patrimônio líquido, TAC entre SUSEP e Confiança Cia. de Seguros e o aludido
Inquérito Civil Público” não são passiveis de apreciação e deliberação por uma
AGE “já estão solucionados, e bem solucionados, sob o devido gerenciamenjto da
administração do GBOEX”, com a aprovação, sem restrições do Conselho Deliberativo.
Na
oportunidade em que o coronel presidente deu uma demonstração da infalibilidade
da equação A+I=F, o MPF emitia um parecer de que a intervenção que SUSEP fez na
Confiança (TAC) deveria ter sido estendida ao GBOEX (Esclarecimentos necessários), visto que a insolvência está atingindo o grupo GBOEX
e não só a seguradora.
Mais
uma vez o MPF aponta aquilo que classifico como conivência da SUSEP com a
dilapidação do patrimônio do GBOEX. Conforme já exposto em Esclarecimentos necessários,
a SUSEP não só não atendeu à sugestão feita pelo MPF para intervir no GBOEX (Parecer
Técnico Assper PR/RS n° 082/2011) como interviu tardiamente (e só na Confiança)
e só tratou de garantir a venda dos imóveis para pagar os bancos, não se
preocupando com a redução de custos que cresceram, desde a instalação do ICP
(2010), 45% enquanto que o Patrimônio Líquido despencou em igual percentual. Ou seja, a SUSEP só garantiu que os bancos não
levassem o calote nos R$ 34 milhões emprestados. Tivesse a SUSEP feito a
intervenção em 2003, pelo menos a sangria teria sido contida. A tabela feita
pelos peritos do MPF mostra que as Despesas Administrativas cresceram de R$ 79
milhões para R$ 116 milhões, de 2010 a 2013, ou seja R$ 37 milhões que foram
compensados com os empréstimos feitos e que agora vão ser trocados pelos
imóveis, ativos garantidores do pagamento dos pecúlios.
Por
isso, não vejo consistência na avaliação que faz do Conselho Deliberativo a
denúncia que recebi, onde seu autor vê (ou melhor, via) “alguns conselheiros
sérios” que se opuseram à operação de venda da Confiança: “A direção do GBOEX
por completa falta de capacidade técnica e empresarial, apesar da discordância de alguns conselheiros sérios, mas,
diante de forte lobby e interesses de “outros” RESOLVEU vender as ações da
SEGURADORA como solução dos problemas”. Justifico este bondosa avaliação do
autor, como a de um homem sério, indignado e que enfrentava graves problemas de
ordem pessoal.
A
avaliação que faço com base em mais de vinte anos de observação da vida do
GBOEX não passa por ser sério ou não sério e, sim, pelo fato de que a condição
para ser conselheiro não passa por “capacidade técnica ou empresarial”, mas
pela submissão, pelo completo alinhamento que resultou em mais de trinta anos
sem uma voz de oposição no CD ( em caso de dúvida, basta consultar as atas do
CD e das comissões). Gente que comprometeu o prestigio granjeado nos quartéis por
um salário que não ganharia em lugar algum do planeta, para ajudar a enganar
uma massa de milhares de consumidores e comprometer o nome do Exército, visto
que não tinham a “capacidade técnica ou empresarial” para a cada vez mais
complexa gestão de Previdência e Seguros, no caso específico do GBOEX. A
leitura de Os coveiros do GBOEX não deixa dúvidas sobre
isso.
O problema é que a SUSEP ao avaliar os
requisitos de capacitação técnica (art. 4º, Resolução CNSP n. 136/2005) para
homologar a posse de diretores e conselheiros considera atividades de quartel
como similar a direção em sociedades anônimas o que deixa nas mãos de pessoas
despreparadas decisões sobre seguros, capitalização e previdência.
O que fica é a sensação de que tudo é jogado para
frente, para o futuro, para não prejudicar o presente, muito bem regado por
salários, como dizem, “compatíveis com o mercado”, mas incompatíveis com a
capacitação e com as condições da empresa. Querem exemplos? A duplicação dos
planos (1991) que redundou na elevação dos salários de conselheiros para
valores mais do dobro do limite previsto no estatuto. A desastrada decisão
quando na implementação das novas
regras de solvência para o mercado segurador (A
insolvência da Confiança, 12/12/2013) que jogou na fornalha da insolvência
da seguradora a metade dos imóveis do GBOEX.
E o caso mais recente é a denunciada venda da
Confiança que a cada dia se confirma, deixando expostas demonstrações da
equação A+I=F e que pode ser resumida pela foto publicada pelo Informativo JRS:
o coronel presidente do GBOEX dando posse ao novo presidente da Confiança.
Eleito
em 31/3/2014, nos relatórios publicados pela SUSEP, em abril/2014, já constava
Marcelo Carlos Cecin Cabelleira, como diretor técnico e diretor responsável por
relações com a SUSEP.
Não
consigo entender o que levou os conselheiros do GBOEX a aprovarem a eleição de
Marcelo Cabelleira, oriundo do grupo Investprev, sob intervenção da SUSEP,
conforme detalhado em Luzes
sobre obscuridades, tendo sido decretada a indisponibilidade dos seus bens.
Qual a tranquilidade deste cidadão para
enfrentar os graves problemas de uma seguradora que se encontra em estado de
insolvência, tendo que se preocupar com o seu natural envolvimento com a
intervenção do grupo Investprev?
Outra preocupação: recentemente, o Sindicato dos
Corretores levou à SUSEP “um dossiê com dezenas de denúncias dos corretores
associados de suas respectivas regiões do Brasil em relação à Confiança Cia de
Seguros” porque “a seguradora Confiança não tem honrado com a grande maioria
dos seus compromissos há meses”. A existência de “50 denúncias de corretores
apontando sinistros não pagos a oficinas e clientes e também relatando inúmeros
casos de comissões devidas não pagas”.
E, no meio de toda esta tempestade, o coronel
Renk, presidente do GBOEX, contando com a unanimidade dos conselheiros, rejeita
a convocação de uma Assembleia Geral por entender que os graves problemas
apontados “já estão solucionados, e bem
solucionados, sob o devido gerenciamento da administração do GBOEX”.
Esta unanimidade dos conselheiros,
tão alardeada pelo seu coronel presidente, é fruto da conjugação da ignorância
com a arrogância e que levará o fracasso a atingir o lado pessoal de todos os
conselheiros e diretores porque, desde o ano de 2003, no mínimo, a intervenção
só não foi aplicada pelas razões já expostas e as consequências são duras.
A Lei Complementar n. 109/2001 que
dispõe sobre o regime de Previdência Complementar reza em seu artigo 44 que “para resguardar os direitos dos
participantes e assistidos poderá ser
decretada a intervenção na entidade de previdência complementar, desde que
se verifique, isolada ou cumulativamente” seis situações, entre elas, qautro saltam aos olhos:
A primeira: “Descumprimento
de disposições estatutárias ou de obrigações previstas nos regulamentos dos
planos de benefícios, convênios de adesão ou contratos dos planos coletivos de
que trata o inciso II do art. 26 desta Lei Complementar”.
A segunda: a insensata aplicação de mais
de R$ 20 milhões em CDB do liquidado Banco BVA (Nau à deriva,
26/8/2013) atropela o art. 67 do Estatuto: “Para
garantia e aumento de seu patrimônio, a fim de permitir atender a encargos
futuros, os recursos do GBOEX deverão ser aplicados, dentro de critérios de
rentabilidade, de segurança e de liquidez, em imóveis, em títulos ou valores
imobiliários, observadas a diversificação e as condições de mercado”.
A terceira: “Situação
econômico-financeira insuficiente à preservação da liquidez e solvência de cada
um dos planos de benefícios e da entidade no conjunto de suas atividades”. E a quarta: “situação
atuarial desequilibrada”. Estão tão claras
que não vale a pena perder mais tempo.
E o
art. 59 reza que “Os
administradores, controladores e membros de conselhos estatutários das
entidades de previdência complementar sob intervenção ou em liquidação
extrajudicial ficarão com todos os
seus bens indisponíveis, não podendo, por qualquer forma, direta ou
indireta, aliená-los ou onerá-los, até a apuração e liquidação final de suas
responsabilidades”.
Este
o risco que estão correndo os atuais administradores do Grupo GBOEX, ou seja,
todos os relacionados pela SUSEP:
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