Na
primeira parte, avisei que iria dividir a resposta
à nota de esclarecimento do Renk em duas: “uma sobre o GBOEX e outra sobre os
ataques pessoais, as mentiras deslavadas que ele, Renk, vem repetindo desde os
tempos em que era gerente da filial de Santa Maria e corria o interior RS
repetindo os mesmos chavões que hoje utiliza para tentar esconder a realidade
que aflora todos os dias, com irados pedidos de exclusão”.
Vou aproveitar para fazer uma retrospectiva sobre a minha participação
no GBOEX para um melhor entendimento da minha relação com esta gente que
comanda o GBOEX, depois que o Iese se afastou, em 1997.
No
final de 1989, fui convidado por um colega de turma para reformular o sistema
de comunicações do GBOEX, atividade que já exercia nas maiores empresas e
bancos do RS. Este mesmo colega convidou o Lima Dias para assessorá-lo na
reestruturação administrativa que estava empenhado. Os três tinham passado, em
épocas diferentes, pelo curso de pós-graduação em Administração da UFRGS.
Ao
longo dos anos 90 comecei a observar o dia-a-dia do GBOEX com a visão de
consultor organizacional, para montar um moderno sistema de comunicações. Logo
deu para ver que no GBOEX existia um que mandava e que os demais seguiam as
suas determinações sem a mínima participação no processo decisório. E digo que
viviam felizes porque o que mandava, mandava e se sentia feliz e os demais
obedeciam, sem discutir, e se sentiam, também, felizes porque ganhavam um
salário que não ganhariam em outro lugar para servirem de coadjuvantes de um só
protagonista.
Meu
trabalho exigia definições sobre propostas de mudanças e logo fui me
posicionando junto ao Iese porque era o único que decidia. Diretores, a quem eu
buscava definições em sua área, sugeriam que eu fosse perguntar direto para o
Iese. E assim foi que eu só tratava com o Iese porque os demais não decidiam
absolutamente nada e nem faziam questão de decidir. O Iese, pelo seu lado, se
sentia no isolamento do poder, ou seja, não tinha com quem trocar ideias. Seus
diretores não passavam de cumpridores de rotinas e de ordens que ele lhes dava.
Nunca vi um diretor ou conselheiro contrariar uma decisão do Iese ou ponderar
sobre determinação dada. Eu era o único que dava opiniões, argumentando diante
de uma decisão equivocada. E o Iese me ouvia. E isso começou a criar uma
ciumeira, mas a polarização começou mesmo com o Lima Dias que logo foi indicado
pelo Iese para o Conselho Deliberativo (tudo no GBOEX só acontecia com a benção
do Iese). Porque este ambicionava o lugar do Iese quando resolvesse se
aposentar. E, diga-se, era o único que tinha estudado para isso.
Lá por
1993, Lima Dias presidia o Conselho Deliberativo e montou um grupo de trabalho
visando implementar um programa de Qualidade. Nesta ocasião eu conversava muito
com o Iese sobre novas ferramentas de gestão, em especial, sobre Reengenharia.
O Iese, além de esperto, era o único que conhecia o business GBOEX. As mudanças começavam a surgir uma atrás da outra.
E mudanças estruturais que implicavam mexidas na estrutura organizacional e
demissões. Maquiavélico, ele espalhava que “o Péricles tinha dado a ideia”.
Aqui a origem de o Péricles ser, mais tarde, considerado o “inimigo capital”.
Enquanto
as ideias que o Péricles dava para o Iese causavam mudanças imediatas, os
estudos do grupo de Qualidade do presidente do Conselho não saiam do papel. A
razão? Muito simples: a aplicação de ferramentas de gestão como Qualidade e
Reengenharia depende do conhecimento do negócio e do poder para mudar. E o Iese
tinha os dois e o Lima Dias não entendia do business
e não tinha poder algum, aliás, poder ele tinha, como presidente do CD, mas não
o exercia porque todos se submetiam ao poder do chefão.
E no
dia-a-dia eu via absurdos que poderiam ser resolvidos com recursos modernos como
a terceirização de atividade-meio para potencializar o foco na atividade-fim.
Via absurdos, gerava uma alternativa que reduzisse custos e aumentasse a
qualidade e apresentava ao Iese. E assim fui contratado para uma série de
serviços.
Voltemos
ao que o Renk gosta de alardear, visando me
desqualificar pelas verdades que venho publicando sobre o GBOEX (e que ele não
tem como contestar). Na já mencionada carta aos associados ele repetiu que “Convém lembrar que a sua íntima ligação de
negócios com administrações passadas, de 1994 a 1999, rendeu-lhes cerca de R$
1.664.626,94, correspondente hoje a R$ 5.920.000,00, de acordo com o índice
IGP-M”.
Considerando que o Renk sempre foi tido como de segundo escalão
dentro do MLD, o grupo que comanda o GBOEX desde os anos 80, um “pau mandado”,
homem de confiança dos que mandavam (e que começaram a se mandar diante do
agravamento da situação), vou detalhar o que ele vem repetindo mecanicamente
sempre que o mandavam “cair de pau” em cima do Péricles. Vou tentar, mesmo
sabendo da dificuldade de ele entender por uma série de razões que não vem ao
caso nomear. Mas vamos lá:
Sobre o faturamento no período de 1994-1999. Vou colar o que
eles informaram ao MPF quando tentaram justificar a acusação que fiz sobre
perdas patrimoniais e que acabou no relatório em que qualificou a atuação deles
no GBOEX como a causadora das atuais dificuldades devido à “má gerência
administrativa”.
Telecomunicações
Em
1994, propus a terceirização do sistema de comunicações, dada a experiência
adquirida em contratos com bancos e indústrias de grande porte. Gerência, operação
e manutenção com pessoal especializado. Engenheiros, técnicos e telefonistas.
A segunda coluna lista o faturamento da TELEDATA com um contrato
de terceirização do sistema de comunicações (telefonia, telex, comunicação de
dados) envolvendo o fornecimento de material e mão de obra para implantação,
manutenção, remanejamentos e operação.
Do total anual, 37% são material aplicado nas obras (redes de
cabos para telefonia e dados). Vou discriminar, sem considerar os materiais
empregados, para o valor mensal previsto no contrato para jan/1995 (R$
6.131,00), visto que este pessoal sai direto do quartel para dirigir o GBOEX e
desconhece os custos incidentes na prestação de serviço. Supervisão envolve o
gerenciamento dos trabalhos, contato com usuário, documentação. Operação: três
telefonistas em tempo integral. Manutenção: técnico e auxiliar. E mais: vale
transporte, auxílio refeição, assistência médica, telefonistas e técnicos substitutos
nos impedimentos dos titulares, férias, 13º salário e demais encargos sociais.
CALOTE
O que o Renk não considerou aqui foi o calote que me deram.
Quando foi encerrado o contrato apresentei as pendências que envolviam os
técnicos extras empregados e reajustes previstos na legislação e que não tinham
sido considerados, conforme previa o contrato.
Mesmo reconhecidos por uma comissão que avaliou as pendências,
tentaram condicionar o pagamento a assinatura de uma carta na qual eu deveria
reconhecer que as críticas que eu fazia à forma como administravam o GBOEX eram
“fruto da raiva e da frustração de minhas expectativas” o que, obviamente,
rejeitei. Abaixo, a minuta que me foi encaminhada pelo VP/CD coronel Carús e
que depois, na tentativa de resolver o impasse, foi emendada pelo próprio
presidente do CD, coronel Xavier, como pode ser visto.
Em suma: reconheceram a dívida, mas não pagam o que já paguei: funcionário,
encargos trabalhistas, impostos, fornecedores.
Serviços gráficos
A impressão de revistas, informativos, mala direta e carnês que
envolvam grandes tiragens e exijam qualidade demandam equipes de profissionais
qualificados, impressoras diferenciadas (e caras) e uma série de atividades que
passam pela postagem e vão até o monitoramento do processo (follow up). Caso
típico de terceirização.
Na segunda coluna consta o faturamento feito com a Revista do
GBOEX, com carnês de cobrança e com emissão de mala direta.
A Revista do GBOEX
Circulava
um informativo para os sócios com uma tiragem de uns dez mil exemplares.
Impresso no GBOEX, de péssima qualidade e eivado de erros de português. Um
diretor, a cada nova edição, marcava os erros de ortografia e comentava com o
Iese. Um dia, diante deste comentário, eu desafiei o Iese: eu faria uma revista
pelo mesmo preço que eles pagavam por “aquela porcaria”. E mostrei um modelo
que havia encomendado de uma agência de publicidade que me assistia. Resultado:
fui contratado para seis edições com tiragem de 10
mil exemplares.
Montei uma equipe com jornalista e fotógrafo de primeira linha,
agência de publicidade para editoria e artes e negociei a impressão com uma
gráfica, também, de primeira linha. Saliente-se que a edição envolvia viagens
da equipe com custeio de todas as despesas com passagens, hospedagens e demais
despesas.
A empolgação com a prova da primeira edição foi tal que
decidiram ampliar edição para 100 mil exemplares, para uma distribuição para
todo o quadro social. Pergunta-se: para essa quantidade o preço não seria
menor? Sim, mas desde que planejado, pois em uma das edições fui convocado pelo
diretor que respondia pela ausência do presidente que me comunicou que a edição
que já estava no prelo deveria ser reduzida pela metade (cinco mil) “por ordem
do Conselho”, ou seja, nem o número mínimo acertado estava seguro.
A
Revista estabeleceu um eficiente canal de comunicação através do qual os sócios
buscam informações sobre a situação social, informam alterações de endereço,
atualizam suas declarações de beneficiários e recebiam informações sobre
produtos e sobre a situação do GBOEX. No curto espaço em que foi publicada e
sem maior esforço gerou 1500 novas propostas de sócio e 500 propostas de seguro
auto.
Quem fizer uma avaliação da gestão deste pessoal vai notar o
amadorismo imperante e a falta de comprometimento com o futuro do GBOEX. O
horizonte deste pessoal era o tempo estimado de sua permanência na entidade que
não chegava a dez anos.
Carnês de Cobrança
Um
quarto da arrecadação do GBOEX é feita através de carnês de cobrança. Na
emissão destes carnês estava a origem do alto grau de inadimplência e de todos
os problemas decorrentes: atrasos, erros, reclamações. Propus a terceirização e
participei da concorrência feita. O GBOEX fornecia os arquivos e recebia os
carnês para postagem, sem qualquer envolvimento de pessoal ou equipamentos no
processo. Resultado: queda na inadimplência e redução de custos.
Os
preços cobrados eram seguidamente cotejados com os de mercado porque seria uma
vitória conseguir “ralar o Péricles”, descartando-o por um concorrente. Mas não
conseguiam.
Esta a
verdade sobre os meus “negócios com administrações passadas, de 1994 a 1999”. Esclareça-se que estas “administrações passadas” eram
comandadas pelo mesmo grupo, o MLD. O Conselho foi presidido pelo Lima
Dias e o Xavier (e que poderiam ter vetado qualquer negócio que não fosse bom
para o GBOEX), os líderes desta campanha difamatória contra o Péricles e que o
Renk deu continuidade pela absoluta falta de argumentos para rebater minhas
acusações sobre a gestão lesiva do patrimônio do GBOEX.
Que o
Renk conteste o que aqui registrei. O que não mais aceitarei são as mesmas mentiras deslavadas que, volta e meia, espalha entre os
associados. Pela absoluta falta de argumentos para contestar as denúncias que
faço sobre a lesiva gestão do patrimônio do GBOEX.
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