Um colega de turma, tenente de 64 como eu, acaba de enviar e-mail para
sua lista com comentários sobre o último (des)informativo do GBOEX. Apesar de
já ter feito, também, comentários sobre este (des)informativo distribuído para
associados e o mercado (O (des)Informativo GBOEX, 26/12/2013), vou
complementar os comentários do meu companheiro desde 1958, na velha EPPA.
Quanto à frase “Garanta
hoje o futuro de quem é importante para você”:
Basta ver o que
aconteceu conosco, tenentes de 64, que nos associamos pensando em garantir o
futuro da nossa futura família e depois ficamos sabendo, já na casa dos 70
anos, que fomos enganados, conforme constatou o Ministério Público Federal: “Vislumbra-se
que o plano de pecúlio que a GBOEX não corre risco de insolvência desde agora,
ou recentemente, mas sim desde que começou a comercializar apólices de
seguro que não teria como adimplir” (Os coveiros do GBOEX, 21/10/2012).
E o que me espanta
é que esse grupo de oficiais do Exército que comanda o GBOEX, sem qualquer
oposição, nos últimos trinta anos, com salários, é bom repetir, na faixa dos R$
15.000,00 aos R$ 30.000,00, continua a enganar os jovens alunos das escolas
militares. E o mais grave (não canso de repetir) é que essa arapuca só funciona
com a conivência dos comandantes das escolas que apesar dos alertas continuam
abrindo suas portas para que seus alunos sejam enganados. Vários alertas foram
feitos em todos os escalões, mas não adianta, comandantes que seguramente não
são associados do GBOEX, abrem as portas em troco de favores e doações. Estão
ajudando para que outras gerações sejam enganadas como a nossa. São corresponsáveis
pelo que respinga desta lama no nome do nosso Exército, como na explosão de
indignação de um beneficiário contra atrasos no pagamento do pecúlio que chegou
a taxar o GBOEX de “esta instituição podre, dirigida por milicos
podres!” (Os coveiros do GBOEX).
Procedem todas as constatações feitas pelo meu colega sobre a área de
vendas, coincidindo com as dos textos Só quem lucra são os corretores (1) e Só quem lucra são os corretores (2). Vou acrescentar dois testemunhos: uma reclamação no site Reclama Aqui
e um e-mail que recebi.
A reclamação da filha de uma viúva de
militar (Marinha), sócia do GBOEX, 79 anos, recebe visita de corretor do GBOEX “dizendo
que a empresa estava atualizando cadastros antigos” e preencheu formulário
onde, depois, a filha viu que estava escrito “atualização do benefício”. Em
agosto de 2011 ficou sabendo que “minha mãe havia ingressado em um novo plano
no valor mensal de R$ 450,25”. Apesar das reclamações, no fim de novembro de
2011, ainda não havia cessado o desconto no seu contracheque, ou seja, a pobre
senhora sofreu desconto de QUATRO parcelas de R$ 450,25. “Assim, já estou com a
sensação de que além dos desgastes de ter que fazer tudo isso que fizemos, de
nos sentir enganados por uma empresa que até então, confiávamos, minha mãe não
vai receber esta devolução”. E não vai mesmo, pois eles alegam que a lei não
permite (mas permite que apliquem o golpe na idosa). Destes R$ 1.800,00 (no
mínimo) retirados desta senhora R$ 1.125,00 foram para a corretora e seus
parceiros que o suportam, a título de agenciamento que, segundo consta e nunca
contestado, equivale a 250% da mensalidade contratada (Só quem lucra são os corretores (2),
abril/2013).
O e-mail é de um corretor que deixa
claro que o GBOEX repassa informações do cadastro de associados para uma
corretora “parceira” que age conforme testemunhado pela associada reclamante e
que, coincidentemente ganhou todos os prêmios de produção que se tem
conhecimento (Só quem lucra são os corretores (2),
abril/2013).
Este o quadro típico do golpe aplicado
em todo o Brasil e por mim testado mais de quatro vezes e que começa com uma
ligação do GBOEX agendando uma atualização cadastral.
E quais as consequências deste assédio
aos velhos associados?
Os números publicados pela SUSEP mostram
que no período de janeiro de 2001 a novembro de 2013 ocorreram 792.844
cancelamentos. Este número é a maior prova da farsa que é a área de vendas cujo produto está expresso neste levantamento publicado pela SUSEP: quase 800 mil ingressaram sem querer (enganados ou para conseguir um empréstimo) e depois pediram o
cancelamento, sem direito a devolução das mensalidades. A maioria foi enganada, pois em venda casada com empréstimo caiu muito depois que o GBOEX foi enxotado dos empréstimos consignados
pelos bancos.
Em qualquer um dos casos (golpe ou
venda casada) o associado contrata sem querer e deixa, no mínimo, pelo que se
pode constatar no caso típico desta idosa, a comissão de agenciamento que é
repassada à corretora.
Pelo que se nota nos testemunhos
recebidos, pode-se estimar que a mensalidade média dessas, digamos, “atualizações
de benefício”, não seja menor do que uns R$ 200,00. Considerando que, no
mínimo, do associado é descontado (em seu contracheque) o valor para pagar a
comissão de agenciamento de 250% à corretora (equivalente a dois meses e meio),
poderemos estimar que no período de 2001 a 2013 foi retirado do bolso dos
velhos associados R$ 396.422.000,00 (=792.844*2,5*200). Quase R$ 400 milhões
com todos os abatimentos dados, em uma operação em que perderam os associados e
perdeu o GBOEX que viu seu patrimônio definhar. Uma operação em que somente
lucraram (e muito) as corretoras amigas e os seus amigos.
O incrível é que isso vem acontecendo
com uma massa de milhares de idosos e, até hoje, ninguém interrompeu estes
absurdos. A esperança é que o MPF encerre o Inquérito Civil que desde janeiro
de 2010 está investigando. Segundo informação recente, a área de perícia está
analisando a documentação enviada pela SUSEP o que nos leva a crer que está
próxima a manifestação do Procurador da República no sentido de arquivar o
inquérito (desde que devidamente justificado) ou peticionar por uma Ação Civil
Pública quando a Justiça avaliará a responsabilidade de conselheiros e
diretores do GBOEX e da SUSEP por ações e omissões.